As exportações da indústria têxtil e do vestuário começam a tremer e fecharam o primeiro trimestre do ano a cair 0,9%, pressionadas pelo segmento do vestuário (-2%) e pelo desempenho negativo dos 4 maiores clientes da fileira: Espanha, França, Alemanha e Reino Unido, anunciou esta sexta-feira a ATP - AssociaçãoTêxtil e Vestuário de Portugal.
Depois de bater três recordes consecutivos na exportação, para fechar 2018 nos 5,3 mil milhões de euros (+2%), o sector entrou em 2019 já de forma cautelosa. "Vai ser um ano de muita gestão para as empresas. Não me parece que vá ser um ano de crescimento", disse logo em janeiro Paulo Melo, apontando causas várias, do clima à conjuntura internacional ou à desvalorização da moeda turca.
E a verdade é que apesar de fevereiro ainda ter fechado em alta, março fechou em baixa, penalizado pelo sector do vestuário. Já o segmento têxtil cresceu 1% e os têxteis-lar registaram uma subida de 0,4%.
No caso das pastas, feltros e cordoaria, a dinâmica é diferente e as exportações cresceram 10,7% em termos homólogos.
No seu conjunto, a fileira exportou 1,35 mil milhões de euros, menos 12 milhões de euros do que no ano anterior, e terminou o trimestre com um saldo positivo de 241 milhões de euros na balança comercial, o que se traduz numa taxa de cobertura de 122%.
No mapa mundo, 7 dos 10 maiores mercados do sector estão a cair, o que significa quebras Alemanha (-6,5%), França (-3,9%), Reino Unido (-0,8%), Suécia (-9,4%), Bélgica (-14,2%), Dinamarca (-0,8%) e Espanha (-2,7% ou 11 milhões de euros), o maior cliente de Portugal.
Com uma quota de 29,7% nas exportações da fileira têxtil, Espanha continua, assim, a estar sob o "efeito Inditex", o grupo que reúne marcas como a Zara, Pull&Bear, Bershka ou Massimo Dutti, é o maior cliente das têxteis do Vale do Ave e tem estado a desviar compras que fazia habitualmente no país, especialmente as encomendas de valor mais baixo, para outros destinos, designadamente a Turquia e Marrocos.
No entanto, o esforço das empresas para diversificarem clientes e encontrarem alternativas à quebra de Espanha está a ter resultados positivos em dois destinos do top 10 do ranking das exportações do sector, com os Estados Unidos a protagonizarem a maior subida (+14,8% ou 11 milhões de euros) e Itália a ganhar +5,4%. O Canadá, outro mercado em alta, dá um salto de +36,8%.