Devia ter havido resolução do BES em 2014?
“O resultado obtido foi objetivamente o melhor possível face às circunstâncias”: Carlos Costa dixit sobre a resolução do BES. O governador olha para a qualidade do crédito do banco e para as necessidades de capitalização e defende que uma alternativa à resolução teria tido custos mais elevados. A capitalização decidida na altura, de €4,9 mil milhões, era a necessária à luz da auditoria então realizada pela PwC, argumenta. A esquerda, que estava na oposição em 2014, defende que o montante devia ter sido mais elevado.
A divisão entre BES e Novo Banco foi bem feita?
Uma divisão distinta daquela que foi feita em 2014 obrigaria a que o Fundo de Resolução entrasse logo com mais dinheiro, argumenta o líder do supervisor. E qualquer recuperação do valor dos ativos não seria absorvida pelo banco, mas pela massa insolvente do BES mau. Esta é a resposta do Banco de Portugal ao Governo, que tem dito que a resolução separou o BES entre um banco mau e um banco péssimo. Carlos Costa defende que os créditos que hoje obrigam o Fundo de Resolução a colocar mais €1,1 mil milhões no banco têm “essencialmente” origem no BES.
A venda em 2017 foi feita nos melhores moldes?
Decidida em 2017, já no atual Executivo, a alienação de 75% do capital do Novo Banco à Lone Star é atacada pela direita. O PSD e CDS são contra a criação do mecanismo de capital contingente, o sistema que pode custar ainda mais €2 mil milhões ao Fundo de Resolução. Carlos Costa não tem dúvidas: “A proposta apresentada pela Lone Star foi a proposta financeiramente menos onerosa para o Fundo de Resolução.” O vice-governador, Máximo dos Santos, já o tinha assumido: ou havia o mecanismo ou o banco podia ver a continuidade em dúvida.
A auditoria vai tirar todas as dúvidas sobre os créditos?
O mecanismo protege a Lone Star dos ativos tóxicos do Novo Banco. Vem aí uma auditoria, pedida pelo Governo, que pretende olhar para a concessão desses créditos. Os deputados querem olhar para as exposições e perceber se logo em 2014 havia razões para duvidar do seu pagamento –— deveriam ter permanecido no BES mau, em vez de transitarem para o Novo Banco? Dentro de 15 dias, chegará ao Parlamento a lista dos maiores devedores do banco. “Sabia que era mau, não tinha ideia que fosse tão mau”, disse já José Rodrigues de Jesus, que acompanha este mecanismo.