Economia

Santander em Portugal entrega €495 milhões a Espanha

Santander Totta aumenta em 26% a remuneração paga ao acionista espanhol, liderado por Ana Botín. Montante supera os dividendos distribuídos por CGD, BPI e BCP juntos

O Santander em Portugal vai dar a quase totalidade dos lucros obtidos na atividade do país em dividendos à casa-mãe espanhola. O dividendo é cerca de 26% superior ao pago no ano passado.

O Banco Santander Totta SGPS, a “holding” do banco em Portugal que paga os dividendos a Espanha, tem em cima da mesa uma proposta de distribuição de dividendos de 495 milhões de euros relativos ao exercício passado, em que o lucro consolidado foi de praticamente 500 milhões, segundo dados facultados pelo banco a pedido do Expresso.

No ano passado, por referência ao resultado consolidado de 2017 de 436 milhões, foram distribuídos 392 milhões de euros ao acionista espanhol.

Esta SGPS (sociedade gestora de participações sociais) é detida, em 99,85%, pela Santusa, sociedade que pertence ao Banco Santander, presidido por Ana Botín. É esta “holding” que detém o Banco Santander Totta, que presta os serviços bancários em Portugal – não sendo a mesma entidade, é isso que justifica que os resultados divulgados pelo banco possam diferir. É a SGPS que paga os dividendos a Espanha.

Esta é a primeira vez que há pagamento de dividendos pelo Santander na liderança executiva de Pedro Castro e Almeida, sendo que o antecessor, António Vieira Monteiro, é agora o presidente do conselho de administração.

Na presidência de Vieira Monteiro, o Santander Totta foi pagando a remuneração acionista, ao contrário do que aconteceu com os restantes bancos, que travaram esse pagamento devido à crise (e aos prejuízos - e à obrigatoriedade de con). O banco pagou cerca de mil milhões durante o seu mandato.

Dividendos somados aquém do Totta

Os 495 milhões de euros a pagar este ano, pelos resultados do ano passado, são inclusive superiores à soma dos dividendos pelos três bancos que vão, em 2019, regressar à remuneração acionista (370 milhões), o que não fazem desde 2010.

A CGD vai pagar 200 milhões de euros ao acionista Estado, o montante que era já estimado pelo Governo quando desenhou o Orçamento do Estado para este ano. Em base individual, o banco público obteve 338 milhões em lucros, ou seja, dá ao acionista mais de 50% dos resultados obtidos.

Já o BPI, agora totalmente controlado pelo CaixaBank, dará ao seu acionista espanhol 140 milhões. A política de dividendos define que deve distribuir entre 30% a 50% dos lucros individuais do BPI SA (operação em Portugal). A proposta é, assim, dar 31% desses resultados. Pablo Forero afirmou que este pagamento é a última etapa da "normalização" do banco.

O BCP fica-se pelos cerca de 30 milhões de euros, um valor mais tímido, correspondendo a 10% do lucro obtido em 2018.