Os mutualistas já não são donos de todo o Banco Montepio. A associação mutualista alienou, como é sabido, uma parcela muito reduzida da caixa económica a entidades da economia social, como misericórdias. Agora, sabe-se exatamente que quantidade: 0,00657% do capital foi aquela que foi vendida.
“Em 2018, concretizou-se a entrada de diversas entidades da economia social no capital da Caixa Económica Montepio Geral, incluindo a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, tendo sido alienadas 158.920 ações, que, embora tendo uma expressão monetária reduzida, têm um significado estratégico relevante, na medida em que a Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) reforçou os elos e a sua representação como banco da economia social”, indica a mutualista liderada por António Tomás Correia no relatório e contas de 2018.
Estas 158.920 ações correspondem a 0,00657% do capital. Os restantes 99,99343% continuaram nas mãos da Montepio Geral – Associação Mutualista (MGAM), presidida por António Tomás Correia.
“Em dezembro de 2018, a MGAM alienou 158.920 ações da CEMG, pelo preço de 158.920 euros a um conjunto de instituições da economia social”, revela o mesmo documento.
Estes são dados do final do ano, pelo que poderá ter havido novidades nos três meses de 2019 que já correram
Santa Casa abarca metade
Praticamente metade destas ações estão nas mãos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que tinha já assumido ter investido 75 mil euros. Um valor muito distante dos 200 milhões de euros que chegou a admitir colocar na instituição financeira. Chegou mesmo a haver um contrato escrito para prever a entrada inicial de 170 milhões de euros, que lhe daria mais de 9% do capital, mas a polémica política acabou por impedir que um negócio de tal dimensão seguisse em frente.
O “número expressivo” de 33 entidades, como é referido no relatório e contas (a aprovar na assembleia-geral da associação de 28 de março), não revela quem são as entidades. Misericórdias, fundações e associações estarão no capital da entidade, mas não há identificação.
De qualquer forma, Tomás Correia – cuja idoneidade para continuar em funções será agora avaliada pelo supervisor ASF à luz de uma condenação concluída pelo Banco de Portugal – tem mandato para poder alienar até 2% da caixa económica.
Reduzido impacto no balanço
O Banco Montepio, que tem Carlos Tavares como presidente da administração e Dulce Mota como presidente executivo, tem um valor de 2.376 milhões de euros no balanço da associação mutualista. A valorização face ao ano anterior foi bastante limitada, já que a parcela de capital vendida é muito limitada.
“Em 2018, manteve-se o valor da participação na Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) / Banco Montepio, em 1.878 milhões de euros, correspondente a um valor bruto de investimento de 2.376 milhões de euros, ao qual está associada uma imparidade de 498 milhões de euros, constituída nos anos anteriores, decorrente do período de crise. O valor líquido desta participação registou uma ligeira variação, em 31 de dezembro de 2018, resultante da alienação de 158.920 ações da CEMG”, acrescenta ainda.