Na primeira reunião do Conselho Geral da associação do Montepio realizada após ter ganho a presidência da mesma para um quarto mandato, Tomás Correia sublinhou que a sua permanência na liderança está de pedra e cal.
Tomás Correia fez questão de explicar aos 23 conselheiros presentes que vai recorrer da condenação do Banco de Portugal sobre sete ilícitos praticados enquanto presidia ao Banco Montepio, entre 2009 e 2014.
Segundo fonte oficial da associação, o atual presidente Tomás Correia "não concorda com a condenação e por isso vai recorrer para o tribunal". Recorde-se que Tomás Correia foi condenado ao pagamento de uma coima de 1,25 milhões de euros.
A reunião que servia para apresentar as contas da associação e os pareceres do auditor KPMG e do Conselho fiscal, assim como a discussão sobre a comissão de acompanhamento para alterar os estatutos da associação depois da entrada em vigor do Código mutualista, serviu também para esclarecer que a questão da sua idoneidade não está em causa.
E apesar de haver alguma tensão quanto a este assunto no seio da associação e na expetativa de que Tomás Correia poderia afastar-se, não foi isso que aconteceu. Segundo apurou o Expresso, Tomás Correia no final da reunião e sem que nenhum dos conselheiros quisesse avançar com qualquer ponto adicional à ordem dos trabalhos, fez questão de se defender junto de alguns dos seus opositores eleitos e dos seus apoiantes. E entregou aos mesmos um dossier com um resumo da sua defesa.
Durante a tarde de terça feira, o presidente da Autoridade dos Seguros e Fundos de Pensões (ASF), José Almaça, afirmou insistentemente que não lhe compete avaliar a idoneidade de Tomás Correia e que "será o ministério do Trabalho que o tem de fazer", refugiando- se na lei.
A mensagem que Tomás Correia quis passar foi que está de pedra e cal à frente da associação. Não vai sair por causa da condenação do Banco de Portugal e também não receia vir a ser avaliado pelo supervisor dos seguros, muito menos afastado.
Segundo uma fonte presente na reunião terá dito mesmo que há pessoas que não sabem do que estão a falar e que esta avaliação por parte do regular "não vai acontecer", desafiando até o que o primeiro ministro, António Costa disse sobre o assunto - durante o último debate quinzenal, o primeiro-ministro confirmou a intenção de o Governo avançar com alterações ao Código das Associação Mutualistas para deixar claro que compete à ASF avaliar a idoneidade (e de a retirar, se for o caso) de Tomás Correia.
Defendeu Costa que tal alteração inviabilizará “qualquer álibi” da ASF ”para não retirar a idoneidade aTomás Correia. “Algo que, provavelmente, já devia ter feito”, sugeriu na altura o líder socialista.
A confiança de que a liderança de Tomás Correia se manterá foi também expressa na reunião desta terça-feira pelo Padre Vítor Melícias. “Não é um secretariozeco ou um qualquer ministro que vai afastar os órgãos sociais democraticamente eleitos”, afirmou, citado pelo “Observador”.