Ter Caixa Geral de Depósitos no currículo não pode ser um cadastro. Quem o considera é o atual presidente executivo da instituição financeira, Paulo Macedo, num momento em que a auditoria aos atos de gestão do banco público vai passar a estar sob o escrutínio dos deputados.
“Uma coisa que sou totalmente contra é achar-se que todas as pessoas que passaram pela Caixa são culpadas”, afirmou Paulo Macedo esta sexta-feira, 1 de fevereiro, depois de entregar a auditoria da EY, com os dados sujeitos a segredo bancário truncados, a Teresa Leal Coelho, deputada social-democrata que preside à comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa.
Paulo Macedo admite que possam ter existido “más práticas”. “Designadamente quando as vemos à luz de hoje”, acrescenta. Mas é isso que se tem de apurar, defende.
“Agora, tentar que qualquer pessoa que tenha passado pela Caixa seja automaticamente culpado ou tenha cadastro, isso não é aceitável”, declarou o CEO do banco público em declarações aos jornalistas após a entrega do documento.
É esse o motivo para Macedo dizer que se tem de apurar – “de fazer uma grande diferenciação” – entre os casos em que houve erros e más práticas e aqueles em que tal não aconteceu.
Neste momento, é já sabido que dois gestores que passaram pela CGD acabaram por não ocupar lugares nos bancos para os quais tinham sido convidados. Norberto Rosa não chegou a administrador do BCP, depois de meses à espera da luz verde do Banco Central Europeu. Pedro Cardoso também não ocupou o cargo de presidente executivo do Bison Bank, ex-Banif Banco de Investimento, já que o nome foi retirado também perante a ausência de uma posição do supervisor, neste caso, do Banco de Portugal.
A auditoria da EY que foi entregue ao Parlamento esta sexta-feira detetou, segundo uma versão preliminar que foi divulgada em janeiro, problemas na atribuição de bónus, na concessão de crédito e na associação de garantias aos empréstimos concedidos.
Em relação à atualidade, Macedo assegura que muito mudou no banco, além de que, assegura, foi escrutinado por várias auditorias. “Claramente, no que diz respeito à Caixa, podem ter a certeza que hoje há uma melhor governance e um melhor critério de risco do que no passado”, conclui.