Economia

Apenas 14 dos 216 créditos tóxicos da Caixa foram aprovados pelo departamento de risco

Relatório final da auditoria da EY ao banco público entregue esta sexta-feira no Parlamento revela que, maior parte das operações que geraram perdas acima de 1000 milhões de euros entre 2000 e 2015, tinha risco demasiado elevado.

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luís barra

A maior parte dos créditos de ‘tóxicos’ concedidos pela Caixa Geral de Depósitos entre 2000 e 2015 não teve parecer favorável do departamento de análise de risco do banco. De acordo com a versão final do relatório de auditoria da EY, hoje entregue por Paulo Macedo no Parlamento, foram identificadas 216 empréstimos de risco que causaram perdas superiores a 1000 milhões de euros e apenas 14 tiveram parecer favorável da Direção Geral de Risco.

As restantes foram aprovadas sem luz verde do departamento que tem como função avaliar a capacidade de o devedor reembolsar o empréstimo. Isso pode acontecer mas implica normalmente que as condições do financiamento sejam alteradas em termos de montantes, garantias ou prazos. Só que, a julgar pelos dados do relatório da EY, houve 112 operações que tiveram aprovação condicionada pela direção de risco mas que depois foram aprovadas sem que as condições fossem verificadas. Apenas 35 operações foram viabilizadas com a imposição das condições sugeridas pela análise risco.

Dos créditos em reestruturação e recuperação a maioria dos pareceres do departamento de risco da Caixa, 89 foram condicionados, 17 foram mesmo desfavoráveis e 47 não foram disponibilizados. Apenas 6 tiveram parecer favorável e em oito reestruturações ou recuperações não houve qualquer parecer. Na esmagadora maioria destas operações de recuperação não houve ou não foi disponibilizada fundamentação do órgão de aprovação para a decisão de não exigência de garantias ou nível de cobertura inferior a 120%.

O ano 2007 foi o que teve a maior parte das operações consideradas tóxicas pela EY.

A versão final do relatório da EY que hoje chegou ao Parlamento é diferente da versão preliminar que foi divulgada na semana passada e, por causa do sigilo bancário, omite os montantes das operações e os nomes dos devedores.