“O que precisamos de fazer é aumentar o bolo, enquanto, naturalmente, procuramos formas de reparti-lo de uma forma mais equitativa”, disse Wang Qishan, o vice-presidente da República Popular da China na sua intervenção esta quarta-feira no Fórum Económico Mundial, em Davos, na Suíça.
Esse é o remédio para enfrentar “o unilateralismo, o protecionismo e o populismo que se estão a espalhar pelo mundo”, que estão a colocar em causa a globalização, uma força global que o vice-presidente chinês considerou “uma tendência histórica”. Mas se a mensagem chinesa é clara, e Qishan sublinhou que a China continuará a contribuir para engordar o bolo, Pequim não advoga que “nos embrenhemos num debate fútil sobre como dividir o bolo” e se gaste o tempo “a culpar os problemas”.
O político chinês disse que foi essa “abordagem pragmática e realista” que levou Pequim a decidir responder firmemente à crise de 2008, uma onda reativa que arrastou os mercados emergentes que aproveitaram a crise para se globalizar. “Foi essa resposta que limitou em pouco tempo a crise vinda de Wall Street”, acentuou Qishan. Acrescentou que "haverá muitas incertezas em 2019, mas uma coisa é certa: a economia chinesa, o crescimento da China vai continuar e será sustentável".
“Muitos países estão cada vez mais a olhar para dentro quando formulam políticas. As barreiras ao comércio internacional e ao investimento aumentam. O unilateralismo, o protecionismo e o populismo estão a espalhar-se pelo mundo. Tudo isso representa sérios desafios para a ordem internacional. Mas será que a globalização económica vai avançar ou retroceder?”, interrogou-se Qishan, antes de responder que a China e os emergentes não devem perder essa tendência histórica que “atingiu um novo estádio”. Nesse novo quadro, a base para o desenvolvimento “é a ciência e tecnologia”, a “alavancagem da quarta revolução industrial” - um tema caro ao fundador do Fórum Económico Mundial, o economista e engenheiro alemão Klaus Martin Schwab.
Instado por Schwab a falar das tensões entre os Estados Unidos e a China, envolvidos numa guerra comercial desde o verão passado, o vice-presidente chinês respondeu, rindo-se, que as duas economias são “indispensáveis uma para a outra” e que o “benefício tem de ser mútuo”. Ironicamente, acrescentou que se “o secretário norte-americano se mostrou otimista, eu sou ainda mais otimista”.