Economia

Banco de Portugal toma “em toda a conta conclusões do relatório final” sobre a Caixa

O Banco de Portugal (BdP) está, para efeitos de supervisão, a “tomar em toda a conta as conclusões do relatório final” da consultora EY, que numa auditoria independente identificou perdas significativas na Caixa Geral de Depósito até 2015

Governador do Banco de Portugal, Carlos Costa
TIAGO PETINGA/LUSA

O Banco de Portugal (BdP) está, para efeitos de supervisão, a "tomar em toda a conta as conclusões do relatório final" da consultora EY, que numa auditoria independente identificou perdas significativas na Caixa Geral de Depósito até 2015.

À margem das Jornadas de Reestruturação, Liquidação e Insolvência: "Venda de carteiras de Non-Performing Loans, impacto na Economia", a decorrer em Lisboa, a vice-governadora do Banco de Portugal, Elisa Ferreira, começou por notar tratar-se de um "assunto muito crítico" e o que pode adiantar é que a "versão final do relatório foi recebida no BdP há bastante tempo".

"Foi lida, foi interpretada e está a ser utilizada nas dimensões que interessa ao BdP, que são as de supervisão. Posso dizer que o BdP, nas suas funções de supervisão, está a tomar em toda conta as conclusões do relatório final que lhe foi entregue", disse.

Revelada na CMTV por Joana Amaral Dias e depois noticiada em vários órgãos de comunicação, a auditoria da EY (antiga Ernst&Young) à CGD refere que os administradores da instituição receberam "remuneração variável" e "voto de confiança", mesmo com resultados negativos.

O documento é crítico, sobretudo, do período 2000-2008, em que "não foi obtida evidência dos princípios orientadores para a remuneração variável aplicada, concluindo-se que as decisões foram tomadas de forma avulsa": "Mesmo perante resultados negativos foi decidido atribuir remuneração variável e emitido voto de confiança", nota.

A auditoria realçou ainda que "em nenhum momento foi identificada a atribuição de remunerações variáveis em forma de instrumento financeiro" que incentivassem a um equilíbrio entre capital e riscos, nem a implementação de cláusulas de 'clawback', que permitem vincular os gestores com as decisões passadas.

A EY acredita que estas medidas poderiam ter contribuído para um "processo de decisão de crédito mais sustentado e atento ao risco, tendo por referência as operações analisadas na presente auditoria", permitindo ainda apurar responsabilidades "nas perdas significativas verificadas entre 2011 e 2015", lê-se no documento.