O Conselho de Administração do grupo automóvel Nissan decidiu esta quinta-feira, por unanimidade, afastar Carlos Ghosn da presidência da empresa japonesa. A demissão surge nas sequência da detenção do gestor por suspeitas de fraude fiscal e de desvio de dinheiros do grupo.
Ghosn continua, no entanto, para já, na administração do fabricante automóvel, uma vez que só os acionistas podem afastá-lo desse cargo.
A administração da empresa aprovou, também, o afastamento de Greg Kelly o principal colaborador de Ghosn, detido em Tóquio com o gestor, segunda-feira passada.
Esta decisão, a par da detenção de Ghosn, põe fim a um ciclo de duas décadas em que o presidente da Nissan se impôs como um dos grandes gestores da indústria a nível mundial.
No entanto, de acordo com a agência Bloomberg, pelo menos um membro do conselho de administração não estaria inicialmente disposto a votar já a saída de Carlos Goshn da presidência, considerando ser necessário ter mais pormenores sobre o caso que levou à sua detenção.
Pena de 10 anos?
Sobre o presidente do grupo Renault - Nissan - Mitsubishi recaem suspeitas de evasão fiscal no valor de cinco mil milhões de ienes ou 38,5 milhões de euros, por alegadamente ter reportado um valor salarial mais baixo do que aquele que efetivamente recebeu no Japão. O gestor terá, ainda, usado dinheiro da empresa para fins pessoais e foi alvo de uma investigação da própria Nissan.
Entretanto, os procuradores de Tóquio deram hoje mais pormenores sobre o caso Ghosn, adiantando que o gestor enfrenta uma pena de10 anos de prisão se for condenado. Em causa, está uma acusação "ainda mais grave do que um caso de insider trading", disse o vice-procurador de Tóqui Shin Kukimoto, citado pela agência Bloomberg.
O vice-procurador não informou, no entanto, se o gestor tinha confirmado ou negado as suspeitas que caiem sobre ele.