A procura de escritórios no Porto está em alta e a construtora DST, atenta ao mercado, decidiu transformar um projeto residencial que tinha no seu portefólio, em Matosinhos, junto ao NorteShopping, num edifício de escritórios. A obra, orçada em €38 milhões, fica pronta em 2019, mas já conquistou o banco francês BNP Paribas.
O Urbo Business Center, com uma área total de construção de 25.616 metros quadrados distribuída por oito pisos, acaba de protagonizar “a maior operação de arrendamento para um único ocupante no mercado de escritórios do Grande Porto”, sublinha Graça Graça Ribeiro da Cunha, responsável pelo departamento de escritórios da Predibisa, que comercializou este edifício assinado pelo arquiteto Nuno Capa, na fronteira entre o Porto e Matosinhos.
O grupo francês, que tem estado a reforçar o seu efetivo no país e a transferir para Portugal algumas das suas operações globais, vai colocar aqui mais de mil trabalhadores, entre serviços e unidades de negócio de retalho.
Para os receber, a DST está a apostar num “design arrojado com arquitetura vanguardista”, tecnologia e soluções de eficiência energética validadas pela certificação Breeam Good. A obra, com esqueleto estrutural revestido a alumínio e muitas paredes de vidro, tem uma fachada futurista que envolve 850 toneladas de estrutura metálica. No comentário ao projeto, José Teixeira, presidente da construtora, sublinha que o Urbo, com 17 mil metros quadrados de área de escritórios nos seis pisos acima do solo, “representa muito daquilo que o grupo antevê como o futuro do imobiliário”, o que significa soluções chave na mão, inovadoras a nível técnico e ambiental, desenvolvidas e produzidas internamente, pelo grupo.
Rendas em alta
Na última década, o mercado de escritórios no Porto esteve adormecido, mas depois do boom no imobiliário residencial, o segmento de serviços também está a acordar e a procura é maior do que a oferta, diz quem conhece o sector.
“Há mais de oito anos que não se fazia um edifício de raiz”, sublinha Graça Cunha que viu a Predibisa colocar mais de 20 mil metros quadrados de escritórios no Porto no primeiro trimestre do ano. “Até ao momento, fechámos mais de 10 contratos de arrendamento, com destaque para o BNP Paribas, Vestas, Lockner Pentaplast/Kfirms e Arrows”, refere.
Do lado da procura, o crescimento é puxado por multinacionais que querem instalar-se no Porto, mas também por empresas em crescimento, interessadas em aproveitar a fase de expansão para se deslocalizarem para edifícios com melhores infraestruturas.
Na cidade, a principal referência no sector dos escritórios continua a ser o edifício Burgo, um projeto do arquiteto Souto Moura, inaugurado em 2001. E um dos movimentos mais mediáticos nesta área terá sido a concentração de serviços da EDP junto à Casa da Música, também na Avenida da Boavista, em 2011. Mas os sinais de que o mercado estava a ficar mais ativo foram-se multiplicando. A Euronext trocou Belfast pelo Porto e instalou na Boavista o seu Centro Tecnológico, no ano passado, e o banco francês Natixis instalou, já este ano, um centro de tecnologia de informação (TI) na Rua Santos Pousada, assumindo que o valor dos salários e do imobiliário pesou na decisão.
Os concelhos à volta do Porto acompanham esta dinâmica. A dinamarquesa Vestas, produtora de turbinas de energia eólica, escolheu o Centro Empresarial da Lionesa, em Matosinhos e, agora, o BNP Paribas aposta na na mesma cidade.
As rendas refletem o interesse crescente dos potenciais clientes no Porto. Há um ano, o preço do metro quadrado para escritórios andava nos €12 e já está nos €16. A oferta começa a querer acompanhar a dinâmica da procura. A reabilitação do BOC-Boavista Office Center traz mais oito mil metros quadrados de oferta no segmento de escritórios até ao final do verão. O POP-Porto Office Park, em construção junto a Francos, trará mais 31 mil metros quadrados ao sector a partir de setembro de 2019. A expansão da Lionesa vai permitir duplicar a oferta atual deste complexo nos próximos anos.