O centro histórico do Porto, à semelhança de Lisboa, está em alta e em apenas dois anos mais do que triplicou os valores de imóveis transacionados. Números da Confidencial Imobiliário (Ci), empresa especializada em dados do sector, mostram que no primeiro semestre de 2015 tinham sido comercializados apenas €16 milhões em imóveis. Já nos primeiros seis meses deste ano o valor subiu para €49,3 milhões, correspondentes à transação de 166 imóveis, ou seja, uma média de 27 por mês. Os dados são apurados a partir das comunicações de venda realizados pelos proprietários junto da Câmara do Porto no contexto do direito legal de preferência de que esta entidade goza na respetiva Área de Reabilitação Urbana.

“Este volume de investimento é o resultado semestral mais elevado dos últimos dois anos e meio, com um valor que mais do que triplica os €16 milhões transacionados no 1º semestre de 2015. Já face ao semestre anterior (€39,5 milhões), reflete um aumento de 25%, enquanto que comparativamente ao semestre homólogo (€41 milhões), o crescimento é de 21%”, conclui-se no estudo da Ci.

“A valorização do centro histórico do Porto é uma história de sucesso. Hoje já quase não nos conseguimos lembrar do deserto que esse território era em termos de vida e de atividade. A recuperação do espaço público veio potenciar a recuperação dos prédios numa altura em que já havia uma dinâmica que se estabelecia e que tinha por motor o interesse patrimonial e cultural desse espaço”, realça Ricardo Guimarães, economista e diretor da Ci, acrescentando que “a reabilitação urbana veio permitir concretizar o potencial de atratividade turística, que não para de crescer e de nos surpreender”.

Com a procura a crescer gradualmente, crescem também os preços dos imóveis: em termos médios anuais no 1º semestre deste ano aumentaram 13,4%, acelerando o crescimento médio anual de 12,9% que se registava no último semestre de 2016.

Subida de 95% em 6 anos

Em valores acumulados, feitas as contas para os últimos seis anos (ou seja, desde o 2º semestre de 2011), o centro histórico do Porto já valorizou em 95,3%”.

“A reabilitação tem um forte impacto no valor económico do centro histórico, justificando a valorização dos imóveis nessa zona. E, apesar de todo o dinamismo estabelecido, há ainda muitos imóveis para reabilitar, numa mancha urbana que se estende já para a Baixa da cidade e zonas confinantes de Cedofeita e Bonfim”, aponta o responsável.

Ricardo Guimarães lembra que o centro do Porto, tal como o de Lisboa tem surpreendido pela capacidade de valorização: “Há novas fontes de valor que justificam essa nova realidade e que lhe dão suporte económico. Não é fácil antecipar o ritmo futuro de valorização. Julgo que quem tiver uma abordagem de económica ao mercado, ou seja, orientado para o médio e longo prazo e assente em lógicas de rendimento, pode ter oportunidades nestes territórios”. Um cenário que muda para quem quer apostar a curto prazo. “Admito que abordagens meramente especulativas, meramente assentes em ganhos de valorização, possam ter riscos associados. Dito de outro modo, numa linguagem mais técnica, já não é o tempo dos oportunistics investors (investidores oportunísticos), é tempo dos core investors (investidores avessos ao risco)”, conclui.