Economia

Siemens portuguesa equipa 13 novos aeroportos na Grécia

Lisboa é centro de competências de tratamento de bagagens da multinacional alemã

Fernando Gonçalves, diretor-geral da SPPAL portuguesa, valoriza talento português
Alberto Frias

A unidade portuguesa da SPPAL (Siemens Postal, Parcel & Airport Logistics) — empresa do grupo alemão especialista em logística de aeroportos, cargas e correio/comércio eletrónico — ganhou um concurso para a instalação dos sistemas de tratamento de bagagens em 13 novos aeroportos na Grécia. Um negócio que foi alcançado junto da Frapor, empresa germânica especialista na gestão de aeroportos vencedora do concurso de privatização dos aeroportos gregos (que envolveu €1,2 mil milhões). “A equipa portuguesa liderou o processo desde o início, do projeto de engenharia à execução que se inicia em setembro”, refere Fernando Gonçalves, diretor-geral da SPPAL em Portugal, adiantando também que já está contratualizada a manutenção da infraestrutura destes aeroportos gregos até final de 2022.

Este negócio permitiu à unidade lusa da SPPAL, segundo este responsável, cimentar a importância que tem vindo a adquirir junto da casa-mãe. “Rivalizamos em termos de dinâmica e dimensão com as principais unidades SPPAL no Dubai, Estados Unidos e China”, diz Fernando Gonçalves. Uma relevância que também resulta do facto de a empresa ter capacidade para acompanhar os seus clientes que operam aeroportos a nível global. Dá como exemplo o caso da Vinci Airports, que detém a ANA e gere os principais aeroportos portugueses, e da Frapor (que gere, entre outros, o aeroporto de Frankfurt).

Uma das receitas para o sucesso da SPPAL de Lisboa é a capacidade para reter o talento. “Temos uma proposta imbatível para os jovens engenheiros que pensam ter uma carreira internacional a partir de Portugal”, diz o gestor. Dá como exemplo o facto de serem feitos em Lisboa os projetos dos sistemas inteligentes de transporte de bagagens em tela dos aeroportos, envolvendo engenharia, eletrotécnica, automação e tecnologias de informação. Frequentemente técnicos portugueses prestam serviços em locais tão diversos como Singapura, China, Índia ou Estados Unidos.

Também é habitual deslocarem-se a Portugal técnicos de aeroportos estrangeiros. Por exemplo, estiveram nas últimas semanas nas instalações da empresa em Belém (Lisboa) uma equipa do aeroporto de Hong Kong para, em conjunto com técnicos portugueses, reformular o software de controlo deste aeroporto chinês. “Tivemos que fazer uma espécie de ‘operação ao coração’, pois criámos mecanismos de redundância para que esta intervenção não afetasse o normal funcionamento de um aeroporto tão movimentado como o de Hong Kong”, refere o gestor.

Além de já ter conseguido atingir massa crítica — emprega 350 pessoas, das quais metade envolvidos em atividades internacionais — e ter a “máquina afinada” na área de engenharia, Fernando Gonçalves revela que a unidade portuguesa da SPPAL se tornou num hub de prestação de serviços partilhados nearshore para a casa-mãe alemã e para toda a Europa na área da regulação (compliance), recursos humanos e serviços financeiros.

Além destas competências de engenharia, que permitem fazer operações em qualquer ponto do mundo, a SPPAL portuguesa tem a responsabilidade territorial pelos negócios na América Latina e países africanos lusófonos. E tem a responsabilidade a nível mundial pelos projetos de ampliações e instalação de terminais rápidos em aeroportos, tal como aconteceu em Lisboa, durante o Euro-2004.

Projeto nos CTT

Além dos aeroportos, a SPPAL também ganhou projetos relevantes na área da logística. É o caso do que foi desenvolvido na área de automatização de armazém para a Lactogal. Mais recentemente a unidade da Siemens também ganhou o contrato nos CTT para o processamento de comércio eletrónico (todas as encomendas com menos de 12 kg passam por uma máquina de encaminhamento). “Pelo enorme crescimento que está a ter, o comércio eletrónico traz enormes desafios”, admite Fernando Gonçalves.

O diretor-geral da SPALL espera que nos próximos anos haja grande crescimento a nível da engenharia (logística de aeroportos) tirando partido das diversas solicitações a nível mundial e conquistar projetos de transformação digital. O gestor espera, para o efeito, criar parcerias com empresas portuguesas nas áreas de construção civil com presença em África e na América Latina.