Foi uma reviravolta total, a que levou o antigo Hotel Turismo da Covilhã, hoje convertido no Puralã Wool Valley, e que se propõe ser “mais que um hotel, um hub do próprio destino serra da Estrela”.
O hotel passou a ter como tema a lã e a história dos lanifícios que faz parte do ADN da Covilhã - cidade que era conhecida pelas suas indústrias “panos finos” já nos relatos de Gil Vicente. Revisitar todo o património industrial da Covilhã associado aos lanifícios é uma das propostas do Puralã, que desenhou uma série de roteiros que estão disponíveis aos hóspedes através de uma App.
“Conseguimos com a reabertura do hotel já estar num alinhamento diferente daquele que tínhamos no antigo Hotel Turismo da Covilhã”, salienta Luís Veiga, administrador-executivo do grupo Natura IMB, proprietário do Puralã Wool Valley.
“No segundo trimestre já tivemos resultados bastante satisfatórios, em que crescemos praticamente 30% face ao ano passado e antes desta remodelação”, avança Luís Veiga.
“Estamos a atingir novos segmentos de mercado, evidenciando-se um grande crescimento do mercado francês e brasileiro, além do mercado espanhol, que já é normal”. Neste campo, o responsável hoteleiro destaca ainda que “podíamos ter muito mais turistas espanhóis se não fosse o problema das portagens, que são um grande entrave ao desenvolvimento turístico de todo o interior”.
O hotel Puralã surgiu renovado após investimentos de €1,5 milhões, num projeto que viu a candidatura aprovada aos fundos do Portugal 2020, valorizando o foco desta unidade em dar a conhecer a história dos lanifícios na região. Abriu as portas em 'soft opening' em dezembro do ano passado, embora a inauguração oficial tenha sido a 2 de junho.
O hotel tem 100 quartos e suítes, e toda a sua decoração, além da fachada exterior, tem como base as três cores tipicamente associadas à lã: cru, castanho escuro e castanho claro.
Roteiros para ver arte urbana ou para tirar selfies
O tema na lã é o ponto forte do hotel Puralã, a começar pela decoração. “Quisemos que esta temática estivesse à vista logo à entrada, além da vivência com equipamentos que eram usados nas fábricas”, refere o responsável do grupo hoteleiro, lembrando que a história da lã também é destacada no hotel através de um mural com dois metros onde consta a cronologia desta indústria em ligação à cidade.
Um dos elementos diferenciadores do hotel Puralã é ter criado uma série de roteiros “inovadores” no objetivo de conhecer a Covilhã dirigidos a públicos diferentes, com “dicas únicas” sobre a “Manchester portuguesa”.
“São percursos preparados por uma equipa de guias, recomendando o que o turista normalmente não vê, e que são essenciais para perceber a cidade: um caminho, um artesanato, algo de único”, frisa Luís Veiga. “Isto nunca tinha sido feito na região, um hotel posicionar-se como hub do destino, e reunir informação sobre as aldeias históricas ou outras atrações culturais à volta da Covilhã”.
O Puralã preparou uma série de roteiros, que incluem desde propostas para famílias até para pessoas interessadas especificamente em tirar 'selfies'. Os clientes do hotel podem seguir estes roteiros usando o Smartphone, uma vez que o seu perfil é identificado logo no momento em que fazem o 'check in'.
O destaque nestes novos roteiros vai para o New Hand Lab, um espaço criativo e de 'coworking' que resulta da reabilitação da centenária fábrica de lanifícios António Estrela - ela própria erigida sobre uma fábrica dos séc. XVII - e que agora se posiciona como cenário ideal para tirar fotografias ou 'selfies', além de ponto marcante para descobrir a história da cidade.
No campo da arte urbana, outro dos pontos fortes dos roteiros do hotel Puralã, Luís Veiga enfatiza que a Covilhã “é a cidade onde a 'street art' está mais explícita, tendo 36 pontos relevantes a visitar, onde não faltam murais de Vhils”. E adianta que o seu grupo “está a receber operadores turísticos estrangeiros que trazem turistas cuja motivação principal é ver arte urbana, e nesse aspeto a Covilhã é uma grande atração turística”.
Além do Puralã Wool Valley, o grupo IMB Natura também detém o H2otel em Unhais da Serra, o Covilhã Parque Hotel na Covilhã e os hotéis Vanguarda e Lusitânia, na Guarda.
Segundo Luís Veiga, a próxima requalificação irá ter como alvo o Hotel Covilhã Parque, que será reconvertido num “sport hotel” na sequência de investimentos de €1 milhão.
“O Hotel Covilhã Parque é a unidade mais antiga do grupo, tem 25 anos e está a precisar de uma remodelação”, reconhece o hoteleiro. “Vamos direcionar este hotel para desportos de montanha, e desta forma dar mais um contributo para valorizar o destino Serra da Estrela”.