ARQUIVO Portugal no Mundial de Râguebi

Vitória na bancada

Portugal lutou muito contra a Itália e teve na segunda parte, a oportunidade de virar o jogo. O público, esse, nunca parou de apoiar, do primeiro ao último minuto.

O único ensaio luso foi marcado por David Penalva
Eric Gaillard/Reuters

Rui Cardoso, enviado a França

Há momentos que decidem um jogo. Quando, aos 20 minutos da segunda parte, a Itália beneficiou de um livre frontal aos postes portugueses, conseguiu marcar preciosos três pontos e sacudir o sufoco luso que durava desde o recomeço da partida. Havia nessa altura 16-5. "Nós sentimos que eles não estavam bem psicologicamente porque estavam a discutir muito uns com os outros. Se temos conseguido marcar, em vez de sofrer, naquela altura, tínhamos dado a volta ao jogo".

A síntese, feita no final da partida, é do ponta Gonçalo Foro que se estreou neste jogo. "Foi uma sensação fantástica, com o público português a fazer-se ouvir muito, lá em baixo, no relvado". Para ele, que cantara o fado no almoço da véspera com o embaixador português, a música foi outra: "não vim aqui para cantar mas para jogar". Quem cantou - e de que maneira - foi o público. Embora a composição do estádio estivesse equilibrada, os portugueses, entre os quais muitíssimos radicados aqui em França, abafaram, do início ao fim, a falange de apoio transalpina. No final, não regatearam aplausos, durante a volta de consagração ao estádio, durante a qual alguns dos portugueses já envergavam camisolas azuis trocadas com os adversários. "Ainda estamos roucos de tanto gritar", dizia no final, já no Metro, um grupo de jogadores e apoiantes de Agronomia, vindos propositadamente de Lisboa.

Tomaz Morais, seleccionador nacional, não diverge muito desta análise. "Quase metade dos pontos da Itália resultaram de livres cometidos por nós em jogadas onde estávamos a dominar. E, pelo menos um dos ensaios italianos foi muito consentido". Tudo fruto de "uma equipa ainda muito jovem" mas há que não esquecer que "retirámos 60 pontos ao resultado de Outubro". Nessa altura a Itália havia cilindrado Portugal por 83-0. Desta vez ficou-se pelos 31-5. Manteve-se a tradição de Portugal marcar, pelo menos, um ensaio por jogo neste Mundial. Desta vez o mérito coube ao internacional, a jogar em França, David Penalva. "É muito bom marcar um ensaio neste mundial!". E, pela segunda vez em dois jogos, o melhor homem em campo foi português: o médio de formação José Pinto. Saíu lesionado na segunda parte, foi suturado na cabeça ainda no estádio e seguiu para o hospital, no final do jogo, para ser observado por medida de precaução. Igualmente lesionado e provavelmente afastado do último encontro com a Roménia, o médio-centro Diogo Mateus. "Conhecendo-o como o conheço, se ele saíu do campo em braços é porque é uma lesão a sério", disse no final do jogo Tomaz Morais. Agora, só se pensa no jogo com a Roménia. "Eles vão jogar duro e feio, como é costume deles", disse Gonçalo Foro. Ao que o seu companheiro de equipa, o pilar Rui Cordeiro, acrescentou: "Mas não nos costumamos dar nada mal com esse tipo de jogo". Terça-feira, às 19h00, em Toulose (Sport TV) se verá como vai ser.

No quadro do bom ambiente que reina na comitiva portuguesa, os jornalistas que têm acompanhado este Mundial foram desafiados para uma brincadeira no final do treino de amanhã em Chambon-sur-Lignon (para onde a selecção regressa hoje, vinda de Paris). Consistirá num desafio, parte de râguebi e parte de futebol, opondo os pupilos de Tomaz Morais e os repórteres dos vários jornais, revistas, rádios e televisões.No quadro de uma estratégia de sobrevivência, estes últimos encomendaram à pressa 't-shirts' com os dizeres "Olha que eu não sou romeno", de forma a tentar garantir a integridade física das equipas de reportagem que participarão no jogo, não se vá dar o caso de serem confundidas com o próximo adversário da selecção.Apesar das mais que óbvias diferenças de físico e de jeito, o lema dos jornalistas para o encontro será "Não lhes mostres, é medo...".