Portugal despediu-se da melhor forma do Mundial de râguebi, dominando a primeira parte do jogo com a Roménia (7-0). O segundo tempo foi mais equilibrado e a 15 minutos do fim, os Lobos ainda venciam por 10-7. Depois, a conjugação de dois factores revelou-se desastrosa para as pretensões portuguesas: a lesão ou o esgotamento de alguns dos jogadores mais possantes e experientes (David Penalva, Joaquim Ferreira) e a entrada, do lado da Roménia, de quatro avançados de grande compleição física que desequilibraram o jogo.
Uma vez mais o homem do jogo foi um português, cabendo a distinção ao terceira linha, Diogo Coutinho. Em declarações no final do encontro Coutinho manifestou-se satisfeito mas disse que, naquelas circunstâncias, o seu prémio tinha "um sabor amargo". O seleccionador Tomaz Morais defendeu que "Portugal se despediu com um grande jogo", acrescentando que a falha física dos últimos minutos (de resto, uma constante nos quatro encontros disputados) resultou, sobretudo, da ausência, por lesão, de alguns jogadores mais possantes (casos do capitão Vasco Uva ou do médio-centro Diogo Mateus) que, a terem podido ser lançados em jogo naquele momento, "teriam contrariado a pressão romena e segurado o resultado".
Igualmente homenageado mas numa cerimónia no âmbito da comitiva portuguesa após o final da partida foi o pilar Joaquim Ferreira que, aos 34 anos e após 15 anos a jogar na selecção, se decidiu retirar como atleta. Tomaz Morais deixou no ar o convite para Ferreira vir a integrar a equipa técnica que, desde já, "deve começar a preparar o Mundial de 2011". O ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, que se deslocou de propósito a Toulouse, acompanhado pelo secretário de Estado do Desporto, Laurentino Dias, entregou a Joaquim Ferreira (autor do único ensaio português neste jogo) a Medalha de Bons Serviços Desportivos.
Se nos encontros anteriores o apoio do público português havia sido marcante, em Toulouse Portugal jogou literalmente em casa, com o estádio esmagadoramente povoado por bandeiras, camisolas e cachecóis verdes-rubros. Nem a chuva que caíu antes e durante parte da partida arrefeceu os ânimos dos espectadores. Hoje às 16h30 são esperados muitos fãs na Portela de Sacavém.
Foi pelo meio de uma verdadeira "melée" de câmaras, microfones e blocos-notas que a selecção nacional de râguebi teve de furar para conseguir sair do aeroporto, a meio da tarde de hoje. Ao forte contingente de jornalistas juntavam-se familiares e amigos dos jogadores, dirigentes federativos e antigos atletas, todos querendo dar um abraço aos recém-chegados. Mas, o que verdadeiramente compunha o ambiente do átrio da aerogare, era uma tripla falange de apoio, constituída por jovens fardados a rigor, com as camisolas e os cachecóis da selecção e empunhando bem visíveis cartazes de outros tantos patrocinadores da equipa.
Para além de Tomaz Morais, seleccionador nacional, primeiro Lobo a ser "devorado" pelo circo mediático, as atenções centraram-se em Diogo Coutinho, eleito o melhor em campo no jogo de ontem contra a Roménia e em Rui Cordeiro, pilar da equipa, tanto em sentido estrito, como em sentido lato.
Foi, assim, em ambiente fortemente mediatizado, meio de festa, meio de família, que terminou a digressão dos Lobos ao Mundial de râguebi. Mas, como sublinhou Diogo Coutinho, "se queremos estar no Mundial de 2011, o trabalho começa já na segunda-feira".