Ao recuar 9,86%, o PSI20 superou a maior desvalorizou percentual diária desde a sua criação e que tinha ocorrido a 01 de Outubro de 1998, na altura da crise asiática, num dia de "crash" mundial. Nesse dia, o PSI20 caiu 9,14%. Com a perda de hoje, o PSI20 passou a acumular uma perda anual 46,5%.
A aprovação do plano Plauson, nos EUA, na passada sexta-feira não foi suficiente para acalmar os mercados, que iniciaram a semana de novo num ambiente de forte pessimismo. A contribuir para a desconfiança dos investidores terá estado certamente as notícias sobre novos situações complicadas no sistema financeiro europeu e os encontros de emergência de alguns governos e bancos centrais com os líderes das instituições financeiras.
Neste contexto, Lisboa, cujo índice PSI20 acabou por fechar a cair 8,56%, não foi a única bolsa a desvalorizar de forma acentuada hoje, houve um conjunto alargado de mercados a cair acima dos 8%. A bolsa de Paris, por exemplo, caiu 9,34% e a de Amesterdão recuou 9.14%. Madrid desvalorizou 6.06% e os mercados norte-americanos estão a cair mais de 4%.
"Os mercados accionistas viveram um dia de pânico generalizado nesta segunda-feira, com os investidores pouco confiantes, a temerem que o actual momento do sector financeiro se alastre à economia global e que esta possa entrar em recessão", disse à Lusa o analista Ramiro Loureiro, do Millennium BCP Investimento. "A alimentar os receios estavam as acções de alguns Governos para assegurar os depósitos bancários, como é o caso da Alemanha, Irlanda, Dinamarca e Suécia, e serem percepcionadas como situações limite que anteciparão eventuais nacionalizações", acrescentou.
A criação de uma linha de crédito no valor de 50 mil milhões de euros ao Hypo Real Estate por parte do Governo alemão, com vista a salvar o banco, e a nacionalização de alguns bancos europeus "constituem de certa forma o presságio para este cenário, temendo-se que, à semelhança do verificado nos Estados Unidos, algumas financeiras europeias possam não resistir ao actual momento", disse o especialista.
Seis acções do PSI20 a cair mais 10%
Seis acções do PSI20 fecharam com perdas superiores a 10%. A EDP foi quem deu o maior trambolhão, com uma desvalorização superior 16,4%, seguindo-se Galp (13,06 por cento), a EDP Renováveis (12,09 por cento), a Jerónimo Martins (12,65%) e a Brisa (12,08%). Com excepção da Altri (+0,46%), ninguém escapou à onda vermelha que varreu a bolsa de Lisboa de uma ponta à outra.