ARQUIVO Sida

Prioridade para saúde básica e não só para vacina contra a Sida

Andrew Karlyn lembra que existem outros flagelos no continente, tal como a malária e que, como fez a África do Sul, deve-se também investir nos cuidados básicos de saúde.

Rui Martins, correspondente em Berna

O norte-americano Andrew Karlyn, que vivia em Moçambique e agora trabalha em Abuja, na Nigéria, com a ONG Population Council, está pessimista quanto a uma próxima vacina africana, depois do insucesso das pesquisas Step na Africa do Sul.

Em compensação criou-se, segundo ele, uma dinâmica no processo de participação dos próprios africanos na pesquisa de uma vacina contra a Sida. Andrew participa do Fórum de Vacinas contra Sida, em Abuja, na Nigeria.

"No momento é remota a hipótese de uma vacina viável a curto prazo em África todos estão desanimados com o fracasso dos testes clínicos do projecto Step. Mas aumentou a capacidade das comunidades africanas para responder ao desafio de fazer face à epidemia e encontrar uma vacina. Esse é o lado positivo dentro do negativo"

África do Sul serve de exemplo

Quanto aos investimentos, Andrew reconhece não serem suficientes e não haver uma infra-estrutura forte. Mas adopta uma outra posição quanto à prioridade que deve ser dada ou não à vacina. "Não seria necessário dirigir-se os investimentos prioritariamente aos primeiros cuidados de saúde? Isso porque os investimentos para criar uma estrutura de investigação sobre vacina são enormes e seria necessário considerar-se a questão dos custos e dos benefícios".

A Africa do Sul, por exemplo, diz ele, "tem feito um grande investimento em saúde básica e seria preciso saber-se partilhar os investimentos entre cuidados mínimos de saúde e pesquisa da vacina, isso porque a falta de uma vacina nos próximos cinco ou dez anos complica o quadro. Acho que os países africanos devem debater qual o melhor investimento para eles. E, na minha opinião, não deve ser só na vacina".

Andrew também acha que não se deve pesquisar só a vacina contra a Sida, mas que se deve utilizar a infra-estrutura já existentes para se pesquisar igualmente uma vacina contra a malária. " Assim seria possível fazer outras pesquisas, enquanto não aparece uma solução para Sida".