Sabe-se pouco sobre a vida de Cristo. Ao certo, conhecem-se "dois factos históricos sólidos": foi líder de um movimento judaico na Palestina na sua época e foi crucificado. O defensor deste ponto de vista é o irano-americano Reza Aslan, professor na Universidade do Sul da Califórnia, autor de um bestseller traduzido em 13 línguas sobre a origem e evolução do Islão, e de "O Zelota", uma obra sobre a vida de Jesus Cristo.
Aslan, que também dá aulas de Escrita Criativa a par do seu trabalho como investigador em História das Religiões, encara Cristo como um "zeloso revolucionário" e um "judeu politicamente consciente".
Segundo Aslan, Cristo envolveu-se "na agitação religiosa e política da Palestina do século I", e "tem poucas semelhanças com a imagem do pastor pacífico cultivada pela comunidade cristã primitiva", escreve a Agência Lusa num texto sobre "O Zelota", editado em Portugal pela Quetzal.
Para Reza Aslan, o grande desafio que se coloca é o de procurar entender "porque é que os autores dos evangelhos se esforçaram tanto por moderar a natureza revolucionária da mensagem e do movimento de Jesus".
Aslan vê Jesus de Nazaré como um homem que terá liderado um movimento em tudo análogo a outros do seu tempo, com o fito de derrubar o Império Romano naquela zona.
O historiador judeu Flávio Josefo (século I), é o autor da mais antiga referência não bíblica a Jesus. Segundo a Lusa, Aslan cita Josefo que escreveu "que um sumo sacerdote, Anás, condenou ilegalmente à morte 'Tiago, irmão de Jesus, aquele a quem chamam messias'".
Segundo o autor de "O Zelota", a expressão "aquele a quem chamam messias" - é "de escárnio". Só que no ano 84d.C., Cristo já "era amplamente reconhecido como fundador de um novo e duradouro movimento".
Outra referência a Cristo data do século II, pela mão dos historiadores Tácito e Plínio, mas dando poucos pormenores.
Peças do Novo Testamento são "pseudoepígrafas"
Atualmente, "resta-nos, por isso, a informação que podemos retirar do Novo Testamento", diz Reza Aslan, lembrando que o Novo Testamento começou a ser escrito por diferentes autores, "cerca de duas décadas depois da morte de Jesus".
"Com a possível exceção de Lucas, nenhum dos que temos foi escrito pela pessoa que lhe deu nome", garante Aslan. As obras que compõem o Novo Testamento, escreve Reza Aslan, são "pseudoepígrafas", isto é, são atribuídas a um autor, mas não escritas por ele, o que era comum na Antiguidade, e "não se devem considerar de modo nenhum falsificações".