Na seleção oficial há filmes que parecem nascer de caprichos. Veja-se o novo de Wes Anderson, “O Esquema Fenício”, obra de espionagem supostamente cómica, evidência gritante de um impasse criativo já demonstrado em “Asteroid City”. Ou de como o texano, desde que filma para a Universal, faz um pacto com o seu umbigo: criar caprichos com todos os seus tiques visuais e técnicos.
Na sessão ontem para a imprensa, as duas horas da projeção foram recebidas com uma frieza que mete dó, quase sem gargalhadas, apenas com sorrisos frios. O esteta de “Grand Budapest Hotel” ou de “Os Tenenbaums - Uma Comédia Genial” continua a dominar o seu próprio estilo, mas está cada vez mais constrangido à sua paleta cromática e aos esquematismos da sua coreografia. Mete dó, repito, sobretudo quando nos lembramos que daquele universo costumava sair humor e qualquer coisa vibrante. Agora, as personagens são bonecos, figuras de decoração, bibelôs, neste caso um milionário industrial que tenta fazer acordos com terroristas, governos e outros criminosos para aumentar a sua fortuna.