Matt Johnson, indie canadiano que alguns conhecerão do seu “The Dirties”, de 2013, pôs pelo menos um pé no mainstream em “BlackBerry”, história de um dos maiores estampanços (um daqueles com estardalhaço a condizer) do capitalismo moderno naquele país. É certo que o tempo passa depressa e que ele é cruel para a tecnologia. As gerações mais novas não sabem, não fazem sequer a menor ideia, que foi nos arredores de Toronto que o primeiro smartphone da história foi inventado. Naquela segunda metade dos anos 1990, era uma corrida desatada a ver quem punha primeiro um computador dentro de um telemóvel. Ninguém conseguia. Os sms custavam os olhos da cara. Mails enviados de um ‘handy’ eram coisa de ficção científica. Mas uma equipa de nerds que mal andava a pagar as contas da empresa ao fim do mês lá acabou por cruzar-se com um gestor financeiro ambicioso e com desejos de vingança. Harvard já o tinha amestrado como deve ser, ensinando-lhe que quem quer singrar tem que estar disposto a perder certas coisas – escrúpulos incluídos.
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Festival de Berlim: “BlackBerry”, história de inspiração e ganância, abriu o concurso da Berlinale
Na capital alemã voltou-se ao tempo em que os telemóveis ainda tinham teclas e ensinou-se que filme com Marisa Tomei nunca será filme para deitar fora - pese embora a ingenuidade de “She Came To Me”, que inaugurou o festival