As transformações a que a gentrificação sujeitou Lisboa nos últimos anos fazem dela um objeto de redescoberta e documentação tentador para o olhar fotográfico. Há uns meses, a editora Ghost publicou “Lisboa mesma outra Cidade”, um livro coordenado por David-Alexandre Gueniot e Catarina Botelho que juntava imagens de vários fotógrafos e escritores em torno das permanências e impermanências, com acento na cidade invisível além da evidência estridente do kitsch turístico. Embora partilhe alguns princípios e mesmo participantes (como Pedro Letria), esta exposição possui uma orientação distinta. Usando, mais metafórica que literalmente, o perímetro amuralhado da cidade (uma barreira tanto externa como interna), a exposição comissariada por Alejandro Castellote vai em busca de territórios e grupos encerrados sobre si ou que formam nichos, superficialmente visíveis no mapa humano da cidade mas quase nunca entendidos nas suas lógicas internas.
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Além da evidência estridente do kitsch turístico: exposição “O Cerco de Lisboa” mostra uma outra cidade
Imagens de vários fotógrafos, como Paulo Catrica, Mag Rodrigues ou Augusto Brázio, expõem as margens de uma Lisboa gentrificada e em acelerada mudança, sublinhando a ideia de que o que faz a periferia não é o foco, mas o abandono. No Arquivo Municipal de Lisboa – Fotográfico, até 2 de março