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Cultura

O discurso de posse de António Feijó ou o fino humor do novo presidente da Gulbenkian

Os homens - e a mulher - passam, a Fundação fica. Com uma missão perpétua, a Gulbenkian deu posse esta terça-feira ao seu novo presidente. O ex-pró-reitor da Universidade de Lisboa, homem das Letras num território de economistas e advogados, não abriu mão de sublinhar a clarividência da literatura para sinalizar que das escolhas improváveis pode surgir o esplêndido. Aguardam-se surpresas até ao último capítulo

António Feijó na tomada de posse como presidente da Fundação Gulbenkian
Ana Baiao

A tomada de posse do novo presidente do conselho de administração da Gulbenkian cumpriu o esperado: casa cheia e aplausos. Saía Isabel Mota, a primeira mulher a liderar a fundação e chegava António Feijó, o rosto das Humanidades, numa casa de economistas e advogados. E cada um disse ao que vinha.

Isabel Mota conseguiu o que nem todos os que a antecederam conseguiram ao abandonar a liderança da fundação: foi aplaudida de pé. A onda de agradecimento começou nas filas do fundo, onde estava o grosso dos trabalhadores, e durou tempo suficiente para que os ocupantes das cadeiras da frente acabassem por se levantar.

No tom dos discursos, até parecia que antecessora e sucessor tinham combinado, ambos enfatizando a importância do tempo e da preparação de um futuro possível. Isabel Mota, a presidente de partida da Fundação Gulbenkian, começou o seu discurso de despedida retomando a última frase de Scarlett O'Hara em "E tudo o vento levou", lembrando a todos que, "depois de tudo, amanhã será um outro dia". E, aos 70 anos, a mulher que disse ter estado sempre no local certo na hora adequada, prometeu que continuará a ser útil.