É visto como provocador, gera discussão, põe em causa ideias feitas, provoca escândalos e habituou-se a ser alvo de censura. Através da publicidade, mostra-nos o que acha que precisamos ver, nem sempre o que nos apeteceria ver. É o fotógrafo e criativo de algumas das imagens que marcaram o século XX de forma incontornável, sobretudo como responsável por campanhas publicitárias feitas para a marca italiana Benetton. Oliviero Toscani tem 79 anos e vive numa quinta na Toscana, no Norte de Itália. Aos 25 anos já era uma estrela no meio da fotografia, da moda, dos jornais e das revistas internacionais. Aos 30 fez uma campanha publicitária que deu origem a uma grande polémica em Itália, com censura eclesiástica incluída. A modelo era à época a noiva de Oliviero e a sexualidade transportada pelas imagens e pelo slogan terão chocado muitas pessoas. Pior ainda foi o nome da marca de jeans desencantado pelo fotógrafo: “Jesus Jeans”. A partir dos anos 1980 e durante três décadas produziu imagens capazes de chegar a todo o mundo, através de campanhas feitas para a Benetton. Chocou-nos. E ajudou-nos a olhar de frente, por exemplo, para a sida, para o racismo ou para a pena de morte. Agora — fora da Benetton — continua a trabalhar como fotógrafo e põe em prática o gosto por ciprestes, por oliveiras e por árvores em geral. É neto de um anarquista com nome poético. É filho de um repórter que fotografou o cadáver exposto do ditador Benito Mussolini — virado de cabeça para baixo, no centro de Milão — em abril de 1945. Acha que não há pessoas feias. Considera-se um homem sortudo. E privilegiado. E livre.
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