Cultura

Sasha Baron Cohen ("Borat") vence processo interposto por uma das suas vítimas

O juiz Roy Moore, um conservador do Alabama, queixava-se de ter sido enganado e difamado pelo ator, que se fez pssar por um coronel israelita e o sujeitou a uma situação embaraçosa que depois passou num programa de televisão

John Sciulli/Getty Images

Sasha Baron Cohen, o ator britânico também conhecido como Borat, o personagem que lhe deu fama universal, ganhou um processo por difamação que um juiz do Alabama lhe tinha interposto.

Roy Moore, um conservador que insistia em ter os dez mandamentos gravados em pedra à entrada do seu tribunal, foi candidato ao senado em 2018, mas as revelações sobre alegadas ligações que terá tido com adolescentes quando ele próprio já andava na casa dos trinta, arruinaram-lhe a candidatura e fizeram com que, pela primeira vez em décadas, um democrata fosse eleito para aquele lugar no senado federal.

Nessa altura, Cohen andava a fazer o programa satírico "Who is America", no qual, mediante encenações elaboradas, conseguia apanhar os seus alvos, geralmente políticos conservadores, em situações embaraçosas. Uma dessas figuras foi Moore, a quem Cohen aliciou prometendo-lhe uma distinção em reconhecimento do seu apoio a Israel.

Um detetor de pedófilos...

No seu disfarce de oficial israelita especializado em instrução contraterrorista, Cohen apresentou a Moore alegadas peças de sofisticado equipamento de segurança, incluindo um aparelho detetor de pedófilos. Assim que o "oficial" o aproximou de Moore, o aparelho começou a apitar, para embaraço do juiz.

Quando Moore mais tarde soube que tinha sido enganado - entretanto já tinham sido exibidos episódios do programa com outras vítimas - ameaçou Cohen de o processar se passasse a entrevista. Cohen não se deixou dissuadir e o processo surgiu após o episódio a que dizia respeito.

Moore pediu 96 milhões de dólares como indemnização por ter sido enganado e difamado, mas Cohen defendeu-se invocando o acordo assinado antes da entrevista. Foi esse acordo que agora um juiz federal em Manhattan usou para negar a pretensão de Moore, sugerindo que nenhuma pessoa razoável levará a sério a ideia de um detetor de pedófilos, portanto ninguém pensará que Moore é pedófilo só por causa de o aparelho de Cohen ter apitado.

Borat a promover canabis

A decisão foi tomada por um juiz nomeado pelo então presidente Donald Trump, o qual sempre fez questão de escolher juizes conservadores ao longo de todo o seu mandato. Apesar disso, Moore e a sua mulher, que interpuseram juntos o processo, não se conformaram e já anunciaram que vão recorrer.

Entretanto, um outro processo judicial, interposto por Cohen, deu agora entrada num tribunal americano. O humorista queixa-se de uma distribuidora de canabis ter usado uma imagem de Borat para promover o seu produto (Borat aparece num cartaz a fazer o gesto dos polegares para cima e a dizer "nice"), e quer ser indemnizado.

O referido cartaz foi afixado no Massachusetts e Cohen diz que a empresa não pediu autorização, pensando que ele nem chegaria a saber. Conta que tem recusado sempre as inúmeras oportunidades de fazer publicidade que lhe apareceram, para não comprometer a imagem de ativista. E garante que jamais usou canabis nem aprova o seu uso. Embora a empresa tenha retirado o cartaz após a queixa, não lhe ofereceu compensação, e agora pede nove milhões de dólares.