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Há 50 anos, Marvin Gaye escreveu uma carta ao futuro. Chamou-lhe “What’s Going On”

Em 1971, Marvin Gaye olhou para o seu tempo e escreveu um tocante álbum que refletia sobre a condição negra, a ecologia, a violência e a redenção. 50 anos depois, vale a pena voltar a ouvi-lo

No arranque da década de 70, Marvin Gaye deixava de ser um “Frank Sinatra negro”, refém da linha de montagem da editora Motown, e adotava uma consciência social até aí adormecida
Jim Britt/Getty Images

Berkeley, no estado norte-americano da Califórnia, tem o mais antigo campus do sistema universitário californiano e faz fronteira com Oakland, que, em 1970, possuía uma comunidade afro-americana que perfazia 35% da população da cidade. Nessa época, a tempestade perfeita varria as ruas da América: o Movimento dos Direitos Civis tinha esmorecido após o assassínio de Martin Luther King, Jr. em 1968; nesse ano, os Panteras Negras perderam o líder Huey P. Newton, acusado de matar um polícia em Oakland, a mesma cidade que também foi palco da execução, às mãos da polícia, de Bobby Hutton, jovem Pantera Negra de apenas 17 anos; os protestos contra a guerra do Vietname subiam de tom e o desemprego cifrava-se num máximo histórico. Esse clima, por um lado, e o testemunho direto de uma carga policial sobre manifestantes no campus de Berkeley, por outro, inspiraram Renaldo “Obie” Benson, cantor e baixista dos Four Tops, a escrever uma canção com um título que refletia a incredulidade perante esses acontecimentos: ‘What’s Going On?’.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.