Em 1976, a associação de escritores americanos de ficção científica e fantasia retirou a Stanisław Lem (1921-2006) o título de membro honorário que lhe havia concedido, uma decisão “técnica” que o próprio atribuiu ao facto de ter posto em causa a qualidade da ficção científica (FC) que se publicava nos Estados Unidos. Em boa verdade, Lem tinha acusado quase toda a FC contemporânea de ser medíocre, teoricamente incipiente, formatada, trivial. O caso americano parecia-lhe mais grave, sobretudo em termos de escala. Elogiava, é certo, Philip K. Dick, “um visionário entre os charlatães”, mas ainda assim com reservas. Para o escritor polaco, as possibilidades especulativas, estruturais e cosmológicas da FC continuavam a ser desbaratadas. De tal modo que intitulou um ensaio de 1972, mais tarde coligido no volume “Micromundos” (1984), “Ficção científica: um caso perdido — com excepções”.
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