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Jean-Michel Jarre: “Sem música, o confinamento tinha sido um deserto”

Décadas depois do mítico álbum “Oxygène”, Jean-Michel Jarre continua a fazer música para respirar. Desafiado pelo fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, o artista francês criou a banda sonora da exposição “Amazônia”

Tom Sheehan

Não sabemos se o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado pensou em Jean-Michel Jarre quando resolveu, depois de chamar a si o desafio de passar vários anos a fotografar a floresta amazónica, transformar a sua nova exposição numa experiência imersiva. Ao escutarmos a música criada pelo artista francês para “Amazônia” (edição Sony, hoje à venda), percebemos, contudo, que dificilmente encontraria melhor parceiro. 45 anos depois de transformar o álbum “Oxygène” num marco da música eletrónica, Jarre inspira-se no “pulmão do mundo” para uma obra que encapsula todas as maravilhas e perigos da Amazónia. Em conversa com o Expresso, fala não só da sobrevivência da floresta como do amigo e “herói dos nossos tempos” Edward Snowden, do concerto que deu para mais de três milhões de pessoas em Moscovo e da familiaridade que sentiu quando visitou Portugal pela primeira vez.

Conhecia Sebastião Salgado antes de ser convidado para esta colaboração em “Amazônia”?
Sempre fui grande admirador do trabalho dele, mas nunca nos tínhamos conhecido. O convite veio da parte da Philharmonie de Paris, que está a organizar esta exposição [onde ficará de 20 de maio a 31 de outubro, seguindo depois para Roma, São Paulo, Rio de Janeiro e Londres]. Fui incumbido, a pedido do Sebastião Salgado, de criar uma peça de música para acompanhá-la. Fiquei interessado por variadas razões. Primeiro, porque admiro e respeito o trabalho de Salgado há muito tempo, depois, porque me parece muito importante falar sobre a floresta amazónica, que vive dias muito negros no atual contexto político brasileiro. Com o meu envolvimento, desde “Oxygène”, com as Nações Unidas e a UNESCO tento sempre integrar questões ambientais no meu trabalho, portanto, pareceu-me lógica esta colaboração.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.