E
ncontrou um tema que o fez perder a cabeça, um puzzle no qual se misturam democracia, golpe de Estado, militares, a CIA, assassínios, conspirações e amores proibidos. E não pôde deixar de o escrever. Quatro anos depois de “Cinco Esquinas”, Mario Vargas Llosa regressa com “Tempos Duros” (Quetzal), um romance histórico situado na Guatemala de 1954, aquando do golpe de Estado de Castillo Armas ao governo democrático de Jacobo Arbenz. Neste livro, que recorda a estrutura narrativa complexa de “Conversa na Catedral”, os Estados Unidos conspiram em plena Guerra Fria para depor um presidente eleito e substituir uma democracia por uma ditadura na América Central, com o apoio de uma empresa tentacular e não em vão apelidada de “Polvo” — a United Fruit. A partir deste microcosmos, o escritor peruano, vencedor do Prémio Nobel da Literatura em 2010, aproveita para falar da História latino-americana, do destino daquele continente, do modo como as fake news — que sempre existiram — podem destruir um país.