Sacha Baron Cohen é um britânico de 49 anos, mas tornou-se no cazaque mais popular em todo o mundo, ao vestir a pele de Borat Sagdiyev. Apesar de globalmente conhecido, o governo do Cazaquistão não achou muita piada ao primeiro filme do humorista, proibindo a exibição por considerar que passava uma imagem negativa e errada da cultura nacional. Agora, com o lançamento da sequela, a postura mudou radicalmente e uma das frases mais célebres da personagem satírica virou slogan para uma campanha que visa promover o turismo do país: “Kazakhstan. Very Nice!”
O primeiro filme de “Borat” retratava o Cazaquistão como um lugar onde predominava a homofobia e o antisemitismo, onde as mulheres eram mantidas em jaulas e a prostituição era a principal indústria do ainda jovem país, nascido após a dissolução da União Soviética. Como tal, foi localmente recebido como um insulto, tendo também visto a sua exibição proibida na Rússia.
“Isto é uma comédia. O Cazaquistão do filme não tem nada a ver com o do mundo real”, esclareceu o próprio ator Sacha Baron Cohen. “Escolhi o Cazaquistão porque era um lugar que quase ninguém nos EUA conhecia, o que nos permitiu criar um mundo selvagem, cómico e falso. O Cazaquistão real é um belo país, com uma sociedade orgulhosa e moderna — o oposto da versão de Borat”, salientou.
Catorze anos volvidos, chegou na passada sexta-feira o lançamento do segundo filme que acompanha o regresso do repórter cazaque aos Estados Unidos, para mais uma odisseia recheada de peripécias.
E aquilo que inicialmente se estranha, parece agora ter-se entranhado. A pedido de vários fãs, o Turismo do Cazaquistão acabou mesmo por usar a seu favor o mediatismo de Borat.
“Em tempos de pandemia, em que o turismo está parado, foi bem ver o filme mencionado na comunicação social. Não da melhor forma, mas é bom aparecer”, admitiu Kairat Sadvakassov, um dos responsáveis do Turismo do Cazaquistão, para quem o slogan de Borat “oferece a descrição perfeita do vasto potencial turístico do Cazaquistão de uma forma breve e memorável”.
“Queremos que toda a gente venha experienciar o Cazaquistão visitando-nos em 2021 e nos anos seguintes, para verem que a terra do Borat é melhor do que aquilo que já podem ter ouvido”, frisou Sadvakassov.