Yves Mény, francês nascido na Bretanha, 77 anos completados este mês, é um cientista político que dedicou vida e estudo à defesa da Europa e da democracia europeia. Podemos concordar ou não com as suas teses, mas somos forçados a reconhecer que têm uma lógica intrínseca forte e uma argumentação sólida. Mény durante anos dirigiu o Instituto Universitário Europeu de Florença (2002-2009), foi o fundador do Centro Robert Schuman para Estudos Avançados naquela universidade e ainda hoje é membro de inúmeros conselhos científicos de revistas de ciência política e de institutos.
Neste livro (escrito antes da pandemia), “Democracias Imperfeitas”, aborda de que modo a organização democrática é colocada em causa nos últimos tempos e caracteriza as vagas populistas e as frustrações populares como sinais e alertas dessa imperfeição. No entanto, como sublinha, há aqui um paradoxo: a não existência de alternativa credível ao sistema democrático é, em si mesmo, o seu principal calcanhar de Aquiles. Curiosamente, os novos movimentos e regimes que contestam as democracias não têm modelos alternativos — como quando se tratava de lhes opor o absolutismo monárquico, ou o fascismo, ou o comunismo. Os conceitos são mais fluidos, e os contestatários, que agem sempre em nome de um povo pretensamente desprezado pelos partidos e pelas elites públicas e privadas, não sugerem qualquer organização social. Além de que “o anonimato da internet permite todo o descarregar de paixões, cóleras e frustrações”. De tal forma que parece assistir-se ao que é a frase definidora do “Leviatã” de Hobbes: “O homem é o lobo do homem.”
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