Carta Elétrica

Carros elétricos: “Se queremos chegar à classe média temos de baixar o preço”

A primeira conferência do projeto Carta Elétrica, uma iniciava que junta o Expresso e a EDP decorreu hoje na sede da Impresa, em Paço de Arcos

O que se segue na mobilidade elétrica? Esta foi a pergunta que serviu de mote à primeira conferência do projeto Carta Elétrica, um encontro que contou com a presença do CEO da EDP, Miguel Stilwell d’Andrade; da CEO da EDP Comercial, Vera Pinto Pereira; do Secretário de Estado da Mobilidade, Eduardo Pinheiro; do responsável pela área de Smart Cities na Deloitte, Miguel Eiras Antunes; do presidente da Associação dos Utilizadores de Veículos Elétricos (UVE), Henrique Sanchez; e ainda com o CEO da Impresa, Francisco Pedro Balsemão. A moderação esteve a cargo do jornalista Ricardo Costa. Estas foram as principais conclusões.

1. Melhorar a rede de postos de carregamento

  • A mobilidade elétrica sofreu uma forte evolução nos últimos anos, muito por força da agenda das alterações climáticas e da pressão em baixar as emissões de carbono. Mas, apesar do aumento das vendas; da melhoria na autonomia das baterias; da expansão da rede de postos de carregamento e do aparecimento de inúmeros modelos de automóveis de quase todas as marcas no mercado, ainda só 10% dos carros que circulam em Portugal são elétricos, ou seja, cerca de 80 mil. “Em agosto tivemos um crescimento homólogo de 54% e uma quota de mercado de 16,5%, mas se olharmos para o quadro geral ainda somos uma ilha muito pequenina”, diz Henrique Sanchez.
  • Ora, para que as pessoas comprem mais carros não basta haver mais modelos disponíveis, é preciso haver uma infraestrutura de carregamento adequada e com uma forma de pagamento simples, o que ainda não existe. É verdade que a rede cresceu. Segundo Eduardo Pinheiro, “em 2020, o número de postos duplicou e em 2021 teve um crescimento de mais de 50%” e de acordo com Vera Pinto Pereira há procura: “O consumo na nossa rede quadruplicou este ano”, diz. Mas, acrescenta, “há uma necessidade de expansão e que haja mais players como nós a investir e a instalar postos”.
  • Vera Pinto Pereira disse ainda que também está a haver um investimento em tecnologias e soluções para carregar os carros em casa. “O smart charging [carregamento inteligente] também é importante, porque se tivermos 15 pessoas a carregar o carro no mesmo prédio alguém pode ficar preso no elevador porque ele vai parar”, conta.

2. Baixar os preços

  • Outro dos desafios que a mobilidade elétrica tem pela frente são os preços dos carros. “O preço é um desafio grande porque se queremos chegar à classe média temos de baixar o preço”, diz Miguel Eiras Antunes.
  • Miguel Stilwell d’Andrade acredita que os preços vão baixar por força dos progressos tecnológicos que se têm feito nas baterias e até na construção dos carros, que usa materiais mais leves. Apesar de concordar que há ainda um longo caminho a percorrer, o CEO da EDP está confiante de que vai haver uma aceleração nos próximos anos. Não só porque há muitas inovações a acontecer, segundo os comentários de todos os intervenientes na conferência, mas também por força da “pressão exercida pelo movimento de descarbonização”, nota Miguel Stilwell d’Andrade. De facto, acrescenta Henrique Sanchez, “é a realidade que vai obrigar à mudança. Está claro para todos que o ambiente e as alterações climáticas são um acelerador da transição para os carros elétricos”.

3. Informar as pessoas

  • Para Henrique Sanchez o principal desafio é como fazer com que as pessoas comprem mais carros elétricos. Para o presidente da UVE a solução é experimentar, “fazer um test drive de um ou dois dias”, porque já “se pode andar em Portugal, de Norte a Sul, sem problema. A rede já permite isso. Em 2016 diria que não, mas desde 2019 que é possível”. Mas tem noção de que “há uma resistência. O ser humano é um animal de hábitos e há muito desinformação e contrainformação”.