É a prova rainha do futebol português, e teve a sua edição de estreia na já longínqua época 1938/39. Esta época, cabe ao Braga, terceiro classificado no campeonato nacional, disputar o troféu com o Porto, que ficou na segunda posição. É a última hipótese, para ambas as equipas, domingo, dia 4 de junho, pelas 17h15 de conquistarem um troféu. Na gastronomia o embate é, igualmente forte. Do lado do Braga vai a jogo o “Cabrito pingado” do restaurante Arcoense, com Filipa Barroso como capitã. Pelo Porto, são as “Tripas à moda do Porto” que entram na disputa, com Manuel Moura, do restaurante Líder a comandar.
Sporting Clube de Braga - “Cabrito pingado”
Neste final da época futebolística, em casa, Filipa Barroso, gerente do restaurante Arcoense foi quem mais sorriu. O marido tem de se confrontar com a realidade e com a superioridade do clube da cidade dos Arcebispos, sobre o clube do coração, o Sporting Clube de Portugal. Futebol à parte, é a gastronomia o jogo maior deste casal, defensor aguerrido do receituário tradicional bracarense. Filipa Barroso, que aprendeu as artes da cozinha com a Tia Zulmira, garante que o segredo está no produto e, claro, na técnica da confeção, que domina já lá vão 36 anos.
De letra, ou seja, sem cábula, como se diz a norte, explica que a receita de “Cabrito pingado” (€22) começa com o tempero do animal em vinha de alhos, com vinho branco, durante 24 horas. Depois, faz-se uma calda com salpicão e chouriço, louro e salsa e a seguir, numa assadeira de barro de Bisalhães, coloca-se arroz, salpicão às rodelas, louro, salsa e a calda anterior. Coloca-se uma grelha sobre a assadeira com o cabrito por cima, mete-se no forno, preaquecido a 180 graus, e deixa-se uma hora a assar e a pingar sobre o arroz. Durante a assadura rega-se o cabrito com a calda da vinha de alhos. No restaurante Arcoense (Rua Engenheiro José Justino de Amorim, 96, Braga. Tel. 253278952) esta especialidade é servida com grelos, batatas e castanhas assadas.
Futebol Clube do Porto – “Tripas à moda do Porto”
Prato histórico da cidade, tem mais de 600 anos. A receita surge depois da oferta das carnes nobres às naus comandadas pelo Infante D. Henrique, que partiram à conquista de Ceuta em 1415. Manuel Moura, presidente e fundador da Confraria das Tripas, garante que foi nesse tempo que nasceram também as expressões “os homens do Porto fazem das tripas, coração” e a alcunha como são conhecidos os habitantes da cidade: “tripeiros”. Desde que tomou conta, em 1988, do Restaurante Líder, que as serve, segundo a receita original. Os produtos usados são sempre de talhos de confiança, com os quais trabalha há mais de 30 anos. A matéria-prima é entregue três dias antes da confeção. Primeiro limpam-se as tripas e higienizam-se, com água e limão durante um dia, são fervidas a 90 graus durante três horas, e só após arrefecerem são cortadas em pequenos cubos.
Depois, explica Manuel Moura, “vão a refogar num tacho grande, com muita cebola, azeite virgem extra, bacon e toucinho. 40 minutos depois, junta-se mão de vitela, cozida e desmanchada e cenoura em meia-lua”. À parte, continua, “coze-se feijão-branco manteiga, uma galinha e uma orelha de porco salgada”, que se juntam às tripas, devidamente refogadas. Antes de finalizar, levam um copo de vinho do Porto e a gelatina da mão de vaca. No restaurante Líder (Alameda Eça de Queirós, 120, Porto. Tel. 225020089) as "Tripas à moda do Porto" (€20,50), servem-se com arroz carolino e uma rodela de salpicão gordo. Um tinto, de preferência do Douro, harmoniza na perfeição com este prato forte da jornada.
O Prato Forte da Jornada é uma iniciativa Boa Cama Boa Mesa, com o apoio da Betclic, que ao longo de toda a temporada vai colocar em confronto as receitas tradicionais das regiões dos clubes que disputam a Primeira Liga de Futebol.
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