O ambiente caseiro, a sala pequena e a proximidade ao balcão e à cozinha recriam a atmosfera intimista e acolhedora que se deseja quando o assunto é comer como em casa da avó. É precisamente essa a ideia do Nani (que signica avó) Bistrô, aberto em fevereiro no chamado quarteirão das artes do Porto.
Com apenas 20 lugares e uma ementa curta, oferece, pela primeira vez na cidade, a oportunidade de saborear a cozinha tradicional e caseira de dois países do Caúcaso com muito em comum: a Geórgia e a Arménia, onde estar à mesa é uma festa. Tradicionalmente, explica Becruzo Bou, responsável pela comunicação do espaço, estas são receitas elaboradas com tempo, por vezes à lareira, e que conjugam muitos ingredientes, com especial destaque para a utilização de ervas, especiarias e frutos secos em diversos pratos, e dos abundantes queijos georgianos.
Mergulhar nas tradições do Caúcaso
Essa é a marca de um dos mais amados pratos locais georgianos, o Khachapuri (€15), aqui servido em duas versões: uma redonda, semelhante a uma pizza, encimada por queijo; outra em forma de barco, com queijo e ovo, que se vai recortando com a mão em volta e molhando na gema e no queijo.
Seguindo a tradição dos dois países, os diversos pratos pedidos vão recheando a mesa para serem partilhados e alternando sabores. Peça por isso, também, a Salada de legumes frescos e molho de nozes (€9), que junta tomate, alface e pepino a um denso molho composto por mais de 15 ervas e especiarias. Outro prato com história é o Khinkali (€8), espécie de dumplings que podem ser recheados de carne ou vegetariano, com queijo e ervas. Tradicionalmente servido aos trabalhadores do campo ou das minas, a massa forma uma pega que servia para poder comer o pastel e seu recheio descartando depois essa parte da massa, de forma a não tocar com as mãos sujas pelo trabalho na comida. Deve cumprir a tradição à mesa do Nani.
Fazer o seu próprio kebab
Complete o banquete com o Khorovats (a partir de €14), que tando se apresentação na versão Kebab de carne de vaca, como o Shashlik de carne de porco, ou delicadas coxas de frango. Todos são servidos sobre um leito de lavash autêntico, um pão fino e leve, e acompanhados de anéis de cebola marinados e da adjika arménia, um molho suave mas picante que adiciona uma camada extra de sabor. Neste caso o ritual consiste em ir retirando pequenos pedaços de lavash e adicionar os ingredientes à escolha, molho incluído, construindo o seu pequeno kebab a cada momento.
Da Arménia chega ainda um guisado tradicional que une carne e vegetais, o Khashlama (€8), ensopado rústico e reconfortante elaborado lentamente com cordeiro, batatas, berinjela, cenouras, tomates e pimentos e aromatizado com ervas.
Pode ainda provar o Lóbio arménio (€8), prato de feijões lentamente cozidos em molho de tomate, ervas e especiarias, e uma opção que mostra a essência da cozinha deste país, revelando como ingredientes simples podem transformar-se numa refeição rica e saborosa através da dedicação, tempo e cuidado na preparação.
Já o Chakhokhbilio (€10), prato tradicional georgiano, resulta numa refeição robusta e aromática. É elaborado com pedaços de frango cozinhados lentamente com cebola, alho e uma mistura de ervas georgianas como coentro, estragão e feno-grego, com tomates maduros que se desfazem, formando um molho suculento e ligeiramente ácido.
Vale a pena adicionar à mesa os pickles caseiros, de tomate, pimento e couve.
Compota caseira para beber
Para acompanhar, brinde com os diversos vinhos provenientes da Geórgia, país considerado o berço da produção vínica mundial, com destaque para as produções “amber” – versão local dos Orange wines, ou peça brancos e tintos elaborados segundo o processo ancestral, em talhas que repousam vários meses debaixo da terra. Além dos néctares da Geórgia e da Arménia serve-se Compota caseira, que nestes países corresponde a uma bebida refrescante, sem açúcar adicionado e que resulta da fervura de diversas frutas em água. É depois coada e refrescada, resultando numa refrescante opção para acompanhar a intensidade da cozinha.
Para finalizar a refeição, o grande destaque vai para a Pakhlava Arménia (€6), elaborada na casa de acordo com uma receita antiga. Nesta delícia artesanal, a massa folhada é intercalada com nozes e finalizada com uma camada de merengue. Na preparação caseira, as finas camadas de massa são cuidadosamente montadas com um recheio rico em nozes e especiarias como noz-moscada e cravo, e depois assadas lentamente até se tornarem crocantes e douradas.
O Nani Bistrô é o “irmão mais novo do restaurante” Alto, localizado a dois passos, embora os dois conceitos sejam bastante diferentes. Se no Alto o objetivo é levar os comensais a viajar por sabores do mundo, no Nani Bistrô a ideia é devolver ao Porto, cidade que acolheu a equipa dos restaurantes de braços abertos, o conforto e o aconchego da comida da casa da avó.
Com 20 lugares, o Nani Bistrô (Rua da Torrinha, 86A, Porto. Tel. 934258359) abre de segunda a quinta-feira das 12h00 às 16h00 e das 19h00 às 23h00. Terça e quarta-feira são dias de descanso.
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