“Até ao momento, encontrámos cerca de 15 kg de trufa negra na zona de Alenquer e proximidades. Foi uma descoberta surpreendente que nos deixou bastante entusiasmados e convictos de que haverá muito mais quantidade em solo português”, anuncia Tanka Sapkota, chef executivo e proprietário dos restaurantes Come Prima, Forno D’Oro, Il Mercato e Casa Nepalesa, em Lisboa. Conhecido especialista neste produto, bem como “Cavaleiro das Trufas Brancas de Alba”, Tanka Sapkota reconhece ser este “um dia muito especial”, uma vez que se trata da primeira vez que é encontrada trufa negra de verão em Portugal. Após várias pesquisas que decorreram em 2023, a descoberta foi apresentada a vários jornalistas e atestada por investigadores da Universidade de Évora, do Instituto Superior de Agronomia e Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária.
A apresentação da trufa negra de verão em Portugal é o culminar de um trabalho desenvolvido por Tanka Sapkota, que há muitos anos que suspeitava da possibilidade de encontrar este produto de excelência em Portugal, com um “filão” capaz de uma exploração sustentada. Em 2023, o chef nepalês, em Portugal desde 1996, realizou uma caça à trufa ao longo de várias semanas que o levou a percorrer várias zonas do país, acompanhado por duas cadelas pisteiras e o caçador de trufas italiano Giovanno Lungo, com base em dados científicos e geológicos, em parceria com diversos organismos estatais.
“Ainda estamos a estudar esta trufa, mas há a possibilidade de ter características que a tornam única em solo português. Só depois destas pesquisas saberemos como cultivá-la noutros locais do país. Isto seria uma excelente notícia para Portugal, com a possibilidade de exploração desta iguaria, colocando-nos na rota turística dos apreciadores desta maravilhosa matéria-prima. Pela minha parte, tenho feito o possível enquanto, cabe agora às entidades governamentais prosseguir com as diligências necessárias para solidificar este processo. Eu, cá estarei para acompanhar e apoiar”, refere Tanka Sapkota, garantindo, com um sorriso: “Estas trufas têm um aroma fantástico!”
A identificar esta trufa negra de verão em laboratório, estiveram envolvidas entidades académicas e científicas, nomeadamente a Universidade de Évora, o Instituto Nacional de Agronomia (ISA) e o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV). “Analisámos diversos exemplares e observámos os seus esporos (as estruturas reprodutoras que permitem ao fungo dispersar-se, uma espécie de semente do fungo) e estamos convencidos de que se trata de uma trufa de verão (Tuber aestivum). Os resultados preliminares da identificação por técnicas moleculares parecem confirmar as observações macro e microscópicas, contudo ainda temos de efetuar o tratamento destes dados para ter 100% de certezas. Foi um achado fantástico, pois é o primeiro registo deste fungo para Portugal”, explicou Celeste Santos e Silva, docente do Departamento de Biologia na Universidade de Évora.
Trufas portuguesas à prova em Lisboa
As primeiras trufas negras de verão vão estar disponíveis até meados de junho, exclusivamente ao jantar e com reserva obrigatória no restaurante Come Prima (Rua do Olival, 258, Lisboa. Tel. 213902457), liderado por Tanka Sapkota. Entre 29 de maio e 11 de junho, alguns pratos emblemáticos da época da trufa branca de Alba são agora servidos com trufa negra de verão portuguesa. A saber, como Antipasti, “Crema di patate, uovo BIO e tartufo fresco” (€13,95); “Funghi misti freschi al forno e legna” (€17,45), como Primi Piatti chegam à mesa “Tajarin com salvia e tartufo nero fresco” (€19,95) e “Tagliatelle ai funghi misti freschi” (€22,90), e como Secondi Piatti, os pratos “Filetto 68º ai funghi misti freschi” (€33,90) e “Ossobuco di vitelo Mirandesa ai funghi porcini” (€30,90).