“Trabalhamos muito todos os dias e sentimos que estamos cada vez melhores, mais criativos, mais consistentes, mais unidos como equipa. Mas subir mais de 20 posições na mais importante lista de restauração do mundo os The 50 Best Restaurants é algo incrível”. Foi com emoção, e até ainda surpreendido que José Avillez reagiu à eleição do restaurante Belcanto como o 25.° melhor restaurante do mundo. De Valença, disse ainda ao Boa Cama Boa Mesa que “ser o 25° melhor restaurante do mundo nem sei o que isso quer dizer. Reflete também a relevância crescente que Portugal a sua gastronomia e chefs têm tido”.
O chef, que é Gafo do Platina em 2023 para o Guia Boa Cama Boa Mesa e ostenta duas estrelas Michelin em Portugal no Belcanto e outra no Tasca by José Avillez, no hotel Mandarin Oriental Jumeira no Dubai, concluiu afirmando que “como sempre é uma distinção de toda a minha equipa da minha cidade e de todo o país e de todos os cozinheiros portugueses pelo mundo. Obrigado”.
Na justificação para a atribuição da 25 posição deste ranking, pode ler-se que o Belcanto é um “lendário estabelecimento lisboeta que abriu portas como clube masculino em 1958”, que “ganhou nova vida com a chegada ao comando do chef José Avillez em 2012. Sob a sua orientação gastronómica, o restaurante evoluiu para se tornar o melhor de Portugal”. Consideram ainda que o “restaurante intimista fica sob tetos altos e abobadados e lustres minimalistas, enquanto a luz entra pelas janelas altas. A nova casa do Belcanto desde 2019 oferece aos seus 45 convidados dois menus de degustação, que levam os comensais a uma viagem gastronómica da cozinha portuguesa contemporânea, bem como à carta para quem prefere o luxo da escolha”. Destaca ainda a ementa que, escrevem, “incluem camarão da costa com creme de pinhão, lombo de vitela com mil-folhas de alcachofra e molho de trufas, e o caprichado 'O jardim da galinha dos ovos de ouro', incluindo ovo com pão crocante e cogumelos. O sabor a mar vem do camarão-vermelho primaveril com caril de cabeça de camarão, gel de maçã verde, espargos e coentros”.
Sobre José Avillez, é considerado como “figura conhecida na televisão, Avillez também publicou quatro livros de receitas e o seu império gastronómico alberga um conjunto de restaurantes em Lisboa e no Porto, incluindo o Bairro do Avillez, um espaço com quatro restaurantes distintos. Aficionado por vinhos, o chef desenvolveu três vinhos JA com a vinícola Quinta do Monte D'Oiro”. Terminam com a sugestão de que “os fãs do Avillez devem reservar lugares na Mesa do Chef do Belcanto para observarem toda a ação culinária ao lado da cozinha”.
Os prémios The World’s 50 Best, que já vão na edição 21, realizaram-se no Palau des Arts, em Valência, e são o resultado da votação de centenas de votantes anónimos, entre cozinheiros, jornalistas da especialidade e outros agentes do setor da restauração do mundo inteiro. A estreia de José Avillez nesta lista faz-se em 2019, quando o Belcanto ocupa a 42.ª posição. Antes, tinha ficado, em 2018, pelo 75.º lugar. Em 2021, o restaurante alcança a posição 42 descendo em 2022 para o lugar 46. Não sendo o melhor resultado de sempre para um restaurante em Portugal, o Vila Joya liderado por Dieter Koschina ficou em 22.º em 2014, esta é a melhor classificação de sempre para um chef português. O peruano Central, em Lima ocupa o primeiro lugar, seguido por dois restaurantes espanhóis, o Disfrutar em Barcelona, e o Diverxo em Madrid, nas posições seguintes.
Sobre o Belcanto (Rua de Serpa Pinto, 10-A, Lisboa. Tel. 213420607), na edição de 2023 do Guia Boa Cama Boa Mesa pode ler-se que “José Avillez representa a aristocracia da gastronomia nacional. Finda a primeira entrada e o palato já se contentou com foie gras, o gabarito de um tártaro de atum e a “Cenoura e azeitona” com caviar de tremoço, esferificações e granizados, envoltos na suavidade do leite de pinhão. Atinge-se um patamar só ao alcance dos mestres... Obedecendo ao espírito do Menu Mesa do Chef, que combina pratos do Menu dos Clássicos e do Menu Evolução (além do serviço à carta), serve a icónica “Horta da galinha dos ovos de ouro”. Reveste-se a folha de ouro e a trufa e a avelã criam camadas de complexidade. Nesta viagem inspirada “em todos os contornos” da cozinha lusa cabe um carabineiro da costa algarvia, gentilmente grelhado, a repousar num caril e a frescura da maçã verde. No topo, cinza à base de carvão e arroz, traçando novos rumos para esta experiência fulgurante. Serve-se ainda o pombo, o leitão desconstruído e um “Toucinho-do-céu e d terra”: vista a manga para limpar a boca. Palavra final para o exemplar serviço de vinhos e pastelaria, conforme atesta a “Tarte de maçã e ruibarbo”. Preço médio €195.
