Antes pelo contrário

Do Estado Novo ao euro, sempre na periferia

Este extraordinário livro de José Reis tem a enorme virtualidade de situar a devastação que a integração no euro causou à economia portuguesa numa linha de tempo mais longa, onde conseguimos detetar a nossa persistente condição periférica

Escreveu Friedrich Hayek: “eu acredito mesmo que, no longo prazo, os assuntos humanos são guiados por forças intelectuais”. Eu também. E que a essas forças intelectuais correspondem a ações políticas e a elas instituições que as servem. Por isso, não compro a ideia de que a economia é um conjunto de fórmulas às quais nos submetemos por serem inevitáveis. Resultam de escolhas que estruturam a nossa vida coletiva. O que vivemos em Portugal e na Europa resulta de ideias que se transformam em escolhas políticas que foram aplicadas por instituições dirigidas por pessoas. E a narrativa que se impôs sobre a crise que vivemos tão recentemente tem como principal objetivo justificar, perpetuar e aprofundar essas escolhas.

Todos conhecemos a lengalenga. Que vivemos, indivíduos e Estado, acima das nossas possibilidades. Que para o fazermos nos endividámos, passando uma pesada fatura para os vindouros. A austeridade não foi mais do que a expiação do nosso comportamento vicioso que a qualquer momento pode regressar se não mantivermos políticos e cidadãos de rédea bem curta. O discurso moralista resulta, nuns casos, de má-fé, noutros de ignorância. Mas, não por acaso, os seus maiores cultores não produziram grande literatura fora das colunas de jornais e dos espaços de opinião, para dar consistência a uma tese sem grande base empírica.

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