Executivos sem gravata

Bem vindos ao terceiro mundo!

Só 28% das empresas portuguesas planeiam contratar mulheres mães. Bem vindos ao terceiro mundo.

Rosália Amorim

Um estudo da Regus revela que só 28% das empresas portuguesas planeiam contratar mulheres mães e que 25% temem que as mulheres gozem licença para ter um segundo filho.

Bem sei que em tempo de crise são muitos os patrões que se preocupam mais em ter mão-de-obra disponível - de preferência a '200%' para fazer face à conjuntura e até ao facto de, muito provavelmente, a empresa ter reduzido a sua equipa de pessoal ao longo dos últimos dois ou três anos, fruto da crise - do que se preocupam priopriamente com as pessoas enquanto seres humanos. Esquecem-se contudo de que essa actual visão é de curto prazo, aliás de curtíssimo curto prazo.

Parecem não querer ver que as mulheres são a maioria (quase 62%)  da população activa em Portugal e que são a maioria (59%) dos licenciados de toda a União Europeia.

Não contratar mulheres é negar a atual realidade do mercado laboral. É rejeitar talentos criativos, com inteligência emocional, com capacidade multitarefas.E não sou só eu que o digo. São vários investigadores e até Tom Peters, o guru da Gestão.

Não querer contratar mulheres-mães traduz uma mentalidade 'terceiromundista'. Como escreveu a The Economist, a propósito do crescente papel das mulheres nas empresas, "as sociedades que tentam resistir ao crescimento das mulheres no local de trabalho pagarão um preço elevado, sob a forma de talento desperdição e de cidadãs frustradas".