Courrier Internacional

A ameaça que vem da banca

Esqueça o dilema austeridade ou crescimento: o futuro da moeda única joga-se no setor bancário europeu. Com a crise, Estados e banca tornaram-se tão interdependentes que se enfraquecem mutuamente.
Ilustração de Pavel

Não é possível tirar o crescimento da produção de uma cartola, como por magia, e não há de facto dinheiro para investimentos. Por isso, Daniel Gros ficou estupefacto com a forma como os políticos europeus, encabeçados pelo novo Presidente francês, martelam uma simples palavra: crescimento.

Para o economista alemão do grupo de reflexão de Bruxelas CEPS, a dicotomia "austeridade ou crescimento" é um "falso debate", que não faz avançar um passo na solução da crise do euro. O verdadeiro debate, segundo ele, deve centrar-se nos bancos, especialmente os do sul da Europa, que estão muito pior do que se pensava.

"Os bancos gregos e espanhóis estão sentados numa pilha crescente de dívidas", explica Gros. "Só a Europa os pode salvar, os Governos grego e espanhol são demasiado fracos. É um problema europeu da maior importância."

No ano passado, depois de forte pressão política, os bancos europeus aceitaram cortes no pagamento da dívida do Estado grego, através de um perdão parcial. Depois disso, os mesmos bancos retiraram-se do sul da zona euro, antes de novos cortes. Espanha, Itália e Portugal foram massivamente abandonados pelos investidores estrangeiros. Na Grécia, a fase seguinte já começou: até os gregos colocam o seu dinheiro no exterior. De acordo com Gros, trata-se de uma imensa fuga de capitais. "Quatro, cinco, seis mil milhões de euros por mês. Ninguém os consegue travar."

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