Verificou o tribunal competente que no caso dos submarinos não tinha havido ninguém corrompido, depois de um tribunal alemão ter condenado uns cidadãos ligados à venda dos mesmos submarinos como corruptores.
O caso em si seria estranho caso não vivêssemos, em matéria de Justiça, num mundo inverso ao de Alice mas igualmente surrealista. Deixem-me recordar, em Alice, de Lewis Carroll, a Rainha de Copas insiste que primeiro se corta a cabeça e depois se faz o julgamento. No nosso mundo, inversamente surrealista, primeiro condenam-se os corruptores depois absolvem-se todos aqueles que poderiam ter sido corrompidos. Dirão: Exagerado! Talvez, mas recordo alguns cidadãos condenados por corromper um Governador de Macau que foi absolvido de qualquer crime de corrupção.
Ainda que seja teoricamente possível haver corruptores sem que haja corruptos (basta a tentativa de corrupção ser mal sucedida) o que me faz espécie é - sendo esse o caso - o tempo que se gasta com tudo isto. Com os submarinos foram sete anos (e, adaptando o que escreveu Camões, mais sete seriam se para tão grande processo não fora curta a vida).
Pensando melhor não é apenas na corrupção que estas estranhezas acontecem. Está presa uma mãe por ter morto uma filha cujo corpo nunca apareceu. Dirão que a mãe confessou (embora agora o negue), mas já se provou tê-lo feito depois de torturada pela PJ. Alguém da PJ foi preso? Não, porque provou-se a tortura, mas não quem foi o torturador.
Entre isto e a Rainha de Copas venha o diabo e escolha...
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