Chamem-me o que quiserem

Devagar, que temos pressa

Havia uma frase antiga - e as coisas antigas têm por vezes a vantagem da sabedoria - que rezava assim: "Devagar que tenho pressa". Eu penso que este conselho deve ser dado a Passos Coelho. A pressa é má conselheira, convém mesmo que ele pense bem no que vai fazer. 

Digo isto porque se a ideia do primeiro-ministro é aquela que referiu na semana passada - ou seja a continuação da política, estilo e forma de governar destes dois primeiros anos - não dou muito tempo até haver uma nova crise política.

Porém, se a ideia é aquela que referiu, ainda que muito por alto, ontem em Vila de Rei, ainda pode ter uma hipótese. Ou seja, se o primeiro-ministro arrepiar caminho e passar a dialogar com o PS e os parceiros sociais; se conseguir animar a Economia; se baixar o IVA na restauração e começar a baixar o IRC; se conseguir que Portas faça simultaneamente a reforma do Estado e a coordenação da Economia e Finanças; se, enfim, conseguir negociar com a troika algumas vantagens, nomeadamente a possibilidade de derrapagem do défice e, sobretudo, se mantiver a unidade no Governo, pode ser que aguente.

Só que... há duas objeções: uma, é que ninguém sabe muito bem que caminho é esse e como se percorre essa estrada. Ou seja, toda a gente quer crescimento, ânimo na economia e baixa de impostos, mas ainda não ouvi ninguém dizer como se faz.

Depois, não há nada mais imutável do que a natureza humana. E Passos, até hoje, nunca mostrou a humildade suficiente para reconhecer um erro sequer. Daí que duvide muito da possibilidade da redenção do chefe do Governo.

Por isso, ele deve pensar bem. Que faça o que se chamava uma introspeção. Sente-se capaz de mudar? Se sim, que escolha bem; se não, pode crer que não aguenta. 

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