Tudo começou com PJ Harvey. Em 2011, Mazgani aproveitou a passagem da artista inglesa por Lisboa para chegar à fala com o seu produtor de longa data, John Parish. Apalavraram uma colaboração que se traduziria, dois anos mais tarde, no álbum “Common Ground”, o terceiro do cantor-compositor nascido em Teerão e criado em Setúbal. Gravado em Bristol, Inglaterra, o disco contou, também, com a participação de Mick Harvey, dono de uma longa carreira a solo e membro fundador, com Nick Cave, dos Bad Seeds e Birthday Party. Uma dúzia de anos mais tarde, Mazgani volta a juntar-se a Mick Harvey para dois concertos especiais: na quarta, 1 de outubro, no Coliseu Club, em Lisboa, e na quinta, 2, no Cine-Teatro de Amarante. Com a dupla estará uma banda composta por Pedro Branco (guitarras), Isaac Achega (bateria) e Vitor Rodrigues (baixo), e ainda o músico Georgio Valentino (guitarra e teclas), assim como uma pequena secção de cordas. A cantora mexicana Amanda Acevedo, que deveria acompanhá-los, não poderá estar presente, por não ter conseguido visto.
Começo por perguntar como surgiu a ideia de dar concertos com o Mick Harvey. Imagino que tenham mantido contacto desde a vossa colaboração no álbum “Common Ground”, de 2013?
É verdade. O Mick vem muitas vezes à Europa, e estivemos juntos há relativamente pouco tempo. E conversámos sobre a possibilidade de, quando ele estivesse por aqui, fazermos alguma coisa juntos. Era um desejo antigo. Outro dia estive a falar com um amigo, que pouco tem a ver com estas andanças da música, a explicar-lhe que todos temos o nosso altar. E que o próprio Mick Harvey me tinha contado que uma vez tinha tocado com o Iggy Pop, e que ele lhe tinha dito que ele tinha tocado bem. Quando me estava a contar isso, o Mick parecia um gaiato. Cada um tem o seu Iggy Pop, cada um tem o seu Elvis. [Trabalhar com ele é] uma honra imensa, uma prece antiga e uma coisa muito improvável, antes do disco. Quando eu cheguei a Bristol [para gravar com o John Parish e o Mick Harvey], sentia que a qualquer instante me iam dizer: “olhe, desculpe, não pode estar aqui de ténis, aqui só entra de sapatos”.