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Blitz

Ao sexto álbum, os Big Thief apuram a receita e oferecem nove canções para fazer o ninho

Em “Double Infinity”, os Big Thief, uma das joias da coroa do indie feito nos Estados Unidos, continuam a operar no território da folk-rock, com a rédea um pouco mais lassa. O disco é o primeiro desde a saída, nunca inteiramente esclarecida, do baixista Max Olearchick

Buck Meek, James Krivchenia e Adrianne Lenker (da esq. para a dir.) formaram os Big Thief em 2015. “Double Infinity” é o seu sexto álbum
Genesis Báez

“Double Infinity”, o sexto álbum dos norte-americanos Big Thief, começa de forma peculiar, como se escancarássemos a porta e, logo no hall de entrada, nos deparássemos com uma conversa que já vai a meio. Em ‘Incomprehensible’, a primeira canção do disco, Adrianne Lenker, cantora-compositora de mão cheia que é boa parte da alma da banda de Nova Iorque, partilha recordações e dúvidas, angústias e reptos por uma liberdade plena, ou quase. A história de vida da também guitarrista explicará esta escrita confessional: nascida em Indianápolis, nos Estados Unidos, há 34 anos, passou a primeira infância no seio de um culto religioso, de onde os pais decidiram, a certa altura, escapar, passando a viver como nómadas, educando os filhos longe da escola e nas franjas da sociedade. Desde sempre sensível às artes, Adrianne lembra-se de gostar de “correr na floresta, fazer amigos rapazes, andar à bulha, jogar futebol e construir fortes. Também tinha muito interesse por coisas mágicas que me pudessem transportar para outro plano, talvez devido à dor que senti em criança”, conta ao “The Guardian”. Entre o trauma e a fantasia e inspirada pelo pai, que também escrevia canções, chegou à música. “Comecei a fazer canções por uma questão de necessidade — precisava de um sítio onde pudesse depositar todos os meus sentimentos, em segurança. E agarrei-me a isso.”