O hip-hop não é propriamente avesso aos palcos; afinal de contas, nasceu nas ruas do Bronx, resultado da interação direta entre um DJ e um MC perante a sua comunidade. Mas é, na génese, uma cultura erguida sobre a ideia de proximidade — daí a constante reclamação por parte dos artistas que foram definindo os contornos deste género musical de uma origem geográfica concreta, de uma identidade específica. E essas marcas genéticas não são exatamente compatíveis com o espírito universalista que sustenta as grandes digressões internacionais que capitalizam o facto de a música de Taylor Swift, U2 ou Coldplay ressoar com idêntica força nos maiores mercados globais, da Europa à Ásia, da Oceânia à América do Sul. Kendrick Lamar — rapper de Los Angeles que tem conquistado distinções raras na sua cultura, do Pulitzer à influência na ordem mundial refletida nas páginas da “Time” e da “Forbes” — é bem capaz de ser a grande exceção nascida no mundo do rap: no passado dia 17 de maio, a paragem em Seattle da “Grand National Tour” protagonizada por Kendrick e SZA quebrou o recorde do concerto de hip-hop mais rentável de sempre, arrecadando quase 13 milhões de euros com a venda de 61 mil bilhetes. A passagem desta “Grand National Tour” este domingo por Portugal — no Estádio do Restelo, em Lisboa – será também um marco à escala nacional.
Exclusivo
Kendrick Lamar e SZA no Restelo: o dia em que o rap vai entrar com estrondo num estádio em Portugal
De Compton, em Los Angeles, para o Estádio do Restelo, o rapper Kendrick Lamar traz a Lisboa no próximo domingo a “Grand National Tour”, com SZA, portento do R&B. Portugal já viu grandes concertos do género, mas nunca com esta dimensão