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King Gizzard and the Lizard Wizard no Coliseu de Lisboa: a noite em que todos fomos metaleiros

Parecendo vir do futuro para mostrar aos habitantes do presente que o rock (do leve ao pesado) não morrerá tão cedo, a hiperativa banda australiana teve no Coliseu dos Recreios o que merecia: um público eletrizante que dialogou mental e fisicamente consigo durante duas horas de calor. Na primeira de três noites na capital, o metal desbragado e o rock clássico dos anos 70 foram reis. Venham as próximas

King Gizzard & The Lizard Wizard no Coliseu dos Recreios, Lisboa
Rita Carmo

Não há banda como esta: unindo devotos de longa data do rock – barbas brancas, t-shirts de outros tempos, memórias de outros carnavais – e jovens ‘recrutas’ sedentos de experimentar as delícias desta torrente elétrica – foi vê-los, doidos, aos círculos no ‘mosh pit’ –, os australianos (de Melbourne) King Gizzard and the Lizard Wizard deram em Lisboa este domingo o primeiro de três concertos de consagração: ao cabo de cinco concertos em festivais portugueses (quatro ao ar livre), estrearam-se por cá em sala fechada, perante 3 mil pessoas perfeitamente sintonizadas na sua frequência, números que aumentarão segunda e terça-feira com as restantes datas desta residência lisboeta.

Transmitido em direto (via Youtube) para o mundo inteiro (voltará a acontecer esta segunda), o debute na recheada sala de concertos da capital – praticamente esgotada, um calor dos diabos neste maio a anunciar veraneio – terá sido, porventura, o concerto mais ‘pesado’ do trio de espetáculos desta digressão europeia de residências, atendendo à promessa de alinhamentos diferentes nas três noites, aspiração perfeitamente sustentada por quase uma trintena de álbuns nos quais o sexteto comandado por um Stu Mackenzie, hoje vestido de cor de rosa, experimentou boa parte das iterações da arte elétrica, do blues ao jazz, da acidez ao ‘boogie’, do psicadelismo ao lounge.