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"Somos um software rodando programas. Mas o nosso corpo ainda precisa de cheiro, de toque, de amor": entrevista a Zé Ibarra

De volta a Portugal para cinco concertos, o primeiro dos quais esta quinta-feira, em Lisboa, o músico brasileiro Zé Ibarra conversou longamente sobre a inspiração do novo disco, a sair em junho. As particularidades da vida moderna e digital são um dos motes do álbum: “Somos um cérebro, lidando com a sociedade. Mas o nosso corpo é um corpo animal”, defende o carioca, falando ainda da sua amizade com Salvador Sobral ou Carminho

Começou por se destacar na nova música brasileira como vocalista das bandas Dônica e Bala Desejo até que, em 2023, lançou o surpreendente “Marquês 256”, disco a solo gravado no vão das escadas do seu prédio, no Rio de Janeiro. Visita assídua dos palcos portugueses, quer com banda quer no formato voz & violão, o carioca faz por estes dias um pequeno périplo pelo país: a 1 de maio toca no B.leza, em Lisboa; a 3 de maio no Teatro Municipal da Guarda; a 8 de maio no Auditório CCOP, no Porto; a 9 de maio no Teatro Aveirense e a 10 de maio no Convento de São Francisco, em Coimbra. Em conversa sumarenta com a BLITZ, em direto da cozinha de sua casa, Zé Ibarra falou sobre o seu próximo single, ‘Transe’, a lançar em breve, inspirada pelo fenómeno do ghosting, e sobre outras particularidades do mundo moderno. "Já não nos relacionamos com realidade, relacionamo-nos com o simulacro do real", acredita.

Vai dar vários concertos em Portugal: Lisboa, Porto, Aveiro, Coimbra e Guarda. Algumas destas cidades é uma estreia para si, ou já tocou em todas?

Nunca fui à Guarda. A todas as outras cidades eu já fui, várias vezes até, mas nem em todas toquei. Dessas a que já fui, acho que só não toquei em Aveiro. Mas a maior novidade vai ser conhecer a Guarda.

É curioso, porque vai tocar em salas bastante diferentes… em Lisboa, por exemplo, o concerto é num clube, o B.elza, em Coimbra num convento e na Guarda num teatro. Essa variedade de cenários também lhe interessa?

Acho que sim, porque este concerto que estou a fazer é novo. Vou tocar músicas novas, é tudo uma grande experimentação. Até é bom poder testar se [o espetáculo] funciona mais em clube ou em teatro. Ou se, na verdade, é impossível de fazer em teatros, por ser um show de dança, para a galera dançar. É ótimo que [as salas] sejam diferentes, porque assim posso investigar que concerto estou a fazer e que concerto quero fazer. Porque, com Bala Desejo, a gente tanto fazia tanto festival louco no meio do mato com gente louca, drogada, como tocava num teatro incrível, com todo o mundo sentado e apreciando a arte. Então está tudo certo.