No ano em que se celebrou o 50º aniversário do 25 de Abril houve várias homenagens e revisitações à música dos chamados “cantores de protesto”, com José Afonso, José Mário Branco, Sérgio Godinho ou Fausto a serem, de variadas formas, chamados a um presente que mantém vivo um cancioneiro que continua a influenciar novas obras, como resulta claro de lançamentos recentes de artistas tão distintos quanto Samuel Úria, Mão Morta ou Gisela João. Da geração de abril, no entanto, um nome parece ter ficado esquecido no meio do festivo clamor: o de Luís Cília, criador de uma obra distinta, que estabeleceu relações fundas com a poesia portuguesa e que soube espraiar-se para lá do canto e partir em busca de outros desafios criativos.
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“Gostava de vender um milhão de discos e ainda assim viver incógnito”: será que sabemos mesmo quem é Luís Cília?
Principalmente conhecido pela poesia de ‘combate’, foi mais prolífico no exílio francês: em Paris carregou camiões, foi guarda noturno, fez-se músico. Em Portugal desde o 25 de Abril, o autor de ‘Avante Camarada’ acabaria por calar a sua voz há mais de 35 anos para passar a escrever instrumentais. A reedição da sua obra completa revela uma personalidade complexa que urge redescobrir e um homem que, aos 81 anos, se afirma confortável na sua eterna penumbra