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“Não sou uma santa, sou um ruído”: a vida secreta de Joan Baez

Chegou aos cinemas portugueses o documentário “Joan Baez: A Cantiga É uma Arma”, onde a cantora e compositora folk revelada nos anos 60, uma das maiores da sua geração, aborda os seus problemas de saúde mental e os traumas de que diz ter sido alvo na infância. Um filme que, no entanto, deixa mais dúvidas que respostas: a realidade não é algo único

Joan Baez
Albert Baez

A primeira imagem é de Joan Baez a cantar ‘Oh Freedom’, num vídeo registado a preto e branco, como se essa mesma liberdade – nesta era de autoritarismos modernos – fosse um conceito longínquo, uma memória de uma luta que não conheceu mais que a derrota. O título português entregue ao filme de Miri Navasky, Karen O’Connor e Maeve O’Boyle, com produção executiva de Patti Smith, soa então irónico, obsoleto: “Joan Baez: A Cantiga É Uma Arma”, chamaram-lhe (no original: “Joan Baez: I Am A Noise”, retirado a uma citação da própria, “não sou uma santa, sou um ruído”). A cantiga até pode ter sido uma arma, até pode ter disparado, mas o lado oposto detinha um arsenal maior. Os anos 60 não são agora mais que o ilícito romanceado, que a onda que findou e deixou uma marca, como os descreveu Hunter S. Thompson em “Delírio Em Las Vegas”.