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Em “Carta de Alforria”, Plutonio encontra a liberdade

Disco duplo, somando 22 canções e mais de uma hora de duração, “Carta de Alforria” é provavelmente o projeto mais ambicioso de Plutonio, e aquele onde quer deixar para trás o estereótipo de homem criado em bairro problemático

Plutonio mostrará “Carta de Alforria” a 28 de fevereiro de 2025, na Meo Arena, em Lisboa
Pluma

“Carta de alforria” é o nome dado ao documento que, na época da escravatura, concedia a liberdade a um escravo, que a podia receber do seu proprietário de forma gratuita, adquiri-la ou obtê-la mediante a prestação de um qualquer serviço. É, também, o nome dado pelo rapper Plutonio (João Ricardo Azevedo Colaço, 39 anos) ao seu novo álbum, o primeiro em nome próprio desde “Sacrifício: Sangue, Lágrimas, Suor” (2019). Uma escolha que se adivinhava há algum tempo: no videoclipe para ‘Duas da Matina’, single que faz parte da trilogia “Pão Na Mesa” (2021), é possível ver essas mesmas três palavras grafitadas numa parede — o disco andava a ser preparado desde 2019. E uma escolha, também, adequada quando se tem em conta as temáticas sobre as quais Plutonio versa neste seu novo álbum. Dir-se-ia que, com esta “Carta de Alforria”, o propósito máximo do músico do Bairro da Cruz Vermelha, em Alcabideche, é libertar-se dessa amarra (psicológica, social) que é ser estereotipado como “o gajo do bairro”.