Em êxtase. É assim que “Wild God”, o álbum que assinala a maioridade de Nick Cave com os Bad Seeds (já lá vão 18 trabalhos de estúdio desde a estreia “From Her to Eternity”, de 1984), arranca. A canção em forma de arrepio tem por título ‘Song of the Lake’ e mais facilmente a imaginaríamos como epílogo — de um disco ou de um concerto — do que como abertura. Épica, galvanizante, mas simultaneamente comovente, por parecer ancorar-se numa qualquer fragilidade, acaba por estabelecer o tom do que se seguirá: gravado pela formação atual dos Bad Seeds, com contribuições de Colin Greenwood, dos Radiohead, no baixo, e Luis Almau nas guitarras acústicas, “Wild God” é um compêndio de canções que buscam a redenção ou, pelo menos, a celebração. Assim se estabelece, de imediato, uma diferença para os anteriores “Skeleton Tree” (2016) e “Ghosteen” (2019), discos mais contemplativos e plácidos, gravados após a morte de um dos quatro filhos de Nick Cave, Arthur, em 2015.
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Nick Cave é a fénix do rock: já ouvimos “Wild God”, um grande disco e um evangelho de esperança
Ao 18º álbum de estúdio com os Bad Seeds, Nick Cave continua a escrever a sua própria mitologia e a temperar o seu evangelho pessoal com (mais) luz. Chega dia 30 e promete tornar-se um dos melhores discos de 2024